No encerramento oficial da campanha para o referendo revogatório presidencial de domingo, milhares de partidários do presidente venezuelano, Hugo Chávez, se manifestaram ontem nas ruas de todo o país.
Os apoiadores do governo se juntaram em frente ao palácio presidencial de Miraflores e tomaram uma importante avenida do centro de Caracas. Enquanto isso, os adversários do governo fecharam um trecho de uma estrada, no município de Chacao, feudo emblemático do movimento anti-Chávez.
A partir da meia-noite desta sexta-feira está proibida por ordem do Poder Eleitoral a propaganda e o proselitismo político com vistas à inédita consulta revogatória, introduzida pela Constituição Bolivariana de 1999 do governo Chávez.
Num grande palco que tinha como fundo um gigantesco “não”, a opção por reafirmar o apoio ao governo do presidente, dezenas de milhares de venezuelanos estiveram no ato que teve apresentações de artistas tradicionais da cultura do país.
O evento contou com a participação de lideranças nacionais e internacionais que estão apoiando Chávez no referendo, como Hebe de Bonafini, uma das principais dirigentes do movimento argentino Mães da Praça de Maio.
O ministro do Interior e Justiça, Lucas Rincón, reiterou à estatal Venezuelana de Televisão a garantia de total segurança pública durante o processo de consulta do próximo domingo.
Ele acrescentou que os corpos de segurança do Estado estão “em alerta” ante qualquer tentativa de “pequenos grupos opositores” de alterar a ordem pública antes, durante e depois do referendo, como indicaram “relatórios de Inteligência”.
No próximo domingo, aproximadamente 14 milhões de eleitores poderão ratificar o presidente Chávez até 10 de janeiro de 2007 ou revogar de imediato seu mandato, depois de mais de cinco anos de um governo marcado por vitórias sociais e por uma forte pressão da oposição, principalmente apoiada por setores da mídia venezuelana.
Em entrevista coletiva concedida ontem à imprensa, Chávez proclamou que é inevitável a vitória. Ele citou “declarações recentes de Washington” que “parecem refletir um certo nível de inteligência, de reconhecimento da realidade e de nossa inevitável vitória”. “A vantagem que temos é de tal magnitude que é impossível que ocorra alguma surpresa”, afirmou o presidente. “O governo de (George W.) Bush será derrotado no domingo. Eu já disse que a oposição tem um amo que se chama George W. Bush”, acrescentou. “O braço do governo intervencionista (dos EUA) tem atuado na Venezuela, promovendo a desestabilização, com um gasto de milhões de dólares para financiar a oposição venezuelana, inclusive neste referendo”, acusou Chávez. O presidente ainda advertiu que o governo “está sempre em alerta com as atividades da CIA”, a que acusa de ter instigado o golpe de 12 de abril de 2002.
Chávez garantiu que, se perder o referendo, entregará nesse mesmo dia o poder ao vice-presidente José Vicente Rangel: “Juro que o farei”. “Ficarei uns dias descansando e em um mês voltarei à carga”, afirmou Chávez, reiterando que voltará a ser candidato às próximas eleições presidenciais.
Em várias das avenidas centrais, os cartazes se multiplicam e se sobrepõem, disputando os melhores pontos nos postes de luz, nas paredes e nas pontes. Sobre as colinas que rodeiam a cidade, bandeiras vermelhas de apoio ao presidente aparecem nos tetos de pequenos barracões. Nesses locais, moram milhões de venezuelanos pobres. Em um muro estava pichado: “Ianques, aqui manda o povo e Chávez”.
Um total de oito pesquisas realizadas por diferentes empresas especializadas, entre elas duas norte-americanas, prevêem em seus resultados a vitória do presidente Hugo Chávez no referendo. Uma análise total dos números, fornecidos pelas empresas, refletem a evidente tendência dos votantes e auguram o fracasso da oposição venezuelana em seu empenho por revogar nessa consulta o mandato do atual chefe de Estado.
A pesquisadora estadunidense North American Opinion Research informou que 63% dos consultados opinaram a favor de Chávez, enquanto 35% pela oposição. A outra norte-americana Greenberg Quilan Rosner Research, também deu a vitória ao presidente, ainda que por ligeira margem, mas garantiu a intenção de voto superior a 40%. Fonte: Diário Vermelho