Por Marcela Cornelli
O custo do conjunto de gêneros essenciais voltou a apresentar, em outubro, aumento na maior parte das dezesseis capitais onde o DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos – realiza a Pesquisa Nacional da Cesta Básica. Das localidades pesquisadas, onze registraram aumento, com destaque para Curitiba (3,04%), Florianópolis (2,79%), Rio de Janeiro (2,31%) e Belém (2,23%). Dentre as cinco cidades com retração, quatro estão no Nordeste – Aracaju (-4,04%), João Pessoa (-3,79%), Salvador (-3,32%), Recife (-2,02%) – além de Vitória, com queda de 0,99%.
Porto Alegre continuou a ter o maior valor para os produtos básicos, com a cesta custando R$ 165,62. Em São Paulo, os gêneros essenciais puderam ser adquiridos, em média, por R$ 162,58 e três outras capitais apresentaram valores superiores a R$ 150,00: Curitiba (R$ 155,70), Brasília (R$ 154,30) e Rio de Janeiro (R$ 152,98). As cestas mais baratas foram apuradas em Recife (R$ 123,10), João Pessoa (R$ 124,14), Fortaleza (R$ 127,83) e Salvador (R$ 129,26).
Com base na capital com a cesta mais cara – Porto Alegre – e levando em consideração o preceito constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para a manutenção de um trabalhador e sua família, suprindo suas necessidades com alimentação, moradia, transporte, vestuário, saúde, educação, higiene, lazer e previdência, o DIEESE estima o valor do salário mínimo necessário. Em outubro, o menor valor pago ao trabalhador deveria ser de R$ 1.391,37, o que corresponde a 5,8 vezes o mínimo vigente.
Entre janeiro e outubro, apenas quatro capitais brasileiras registraram variações acumuladas negativas para o custo da cesta básica: Recife (-1,37%), Goiânia (-1,46%), Belo Horizonte (-1,61%) e Aracaju (-2,16%). Entre as que mais subiram estão Fortaleza (7,07%), Natal (6,31%), Rio de Janeiro (4,36%) e Brasília (4,31%).
Em doze meses – entre novembro de 2002 e outubro – as menores variações acumuladas ocorreram em Florianópolis (8,63%) e Porto Alegre (9,52%), duas capitais da região Sul, enquanto as maiores foram verificadas no Nordeste: Natal (19,02%), Salvador (15,46%) e Fortaleza (15,22%).
Cesta X Jornada
Em outubro, na média das dezesseis capitais, o trabalhador que ganha salário mínimo deveria cumprir uma jornada de 129 horas e 52 minutos, para adquirir os gêneros de primeira necessidade, ou seja, 20 minutos a mais que a jornada exigida em setembro (129 horas e 32 minutos). No entanto, em comparação com outubro de 2002 – quando o tempo de trabalho chegava a 138 horas e 43 minutos – a jornada agora exigida é menor, uma vez que o aumento do preço da cesta, em doze meses, é inferior, em todas as capitais, ao reajuste concedido este ano, ao salário mínimo.
A mesma situação pode ser vista quando se considera o valor do salário mínimo líquido (depois de descontado o percentual referente à Previdência Social). Neste caso, em outubro, a compra da cesta básica necessitava 63,92% do total líquido recebido pelo trabalhador, enquanto em setembro eram exigidos 63,76% e em outubro de 2002, 68,28%.
Fonte: CUT Nacional com informações do DIEESE