Os Trabalhadores do judiciário Federal estão adoecendo do trabalho. E daí? Este foi o tema da palestra ministrada por Herval Pina Ribeiro.
Pela manhã, o coordenador do Sintrajusc Paulo Roberto Koinski conduziu a mesa, formada também pela coordenadora do sindicato e da Fenajufe, Ângela Albino, como secretária a coordenadora Adriana Maria Ramos e o médico e palestrante do segundo dia do Congrejusc, Herval Pina Ribeiro.
Qual a natureza do trabalho? Pina Ribeiro questiona os trabalhadores. Segundo ele os servidores públicos são mais de 6 milhões hoje no país. “Precisamos ficar atentos, pois vivemos numa sociedade dividida por classes e as relações sociais são desiguais”. Levantou as questões sobre saúde com perspectiva dialética, analisando o contexto dos trabalhadores do judiciário e o sistema econômico capitalista instalado na sociedade.
“É preciso se apropriar do conhecimento para agir em prol da categoria. O conhecimento nos é usurpado pelo capital. É uma estratégia para utilizar a classe trabalhadora aos interesses que visam lucros. O serviço é público e não do Estado”, provoca Pina Ribeiro.
O palestrante faz a interpretação da realidade através do trabalho e do que ele representa para sociedade. Fez um levantamento histórico da luta dos trabalhadores e das transformações nas relações sociais, para que se possa desconstruir o modelo burguês implantado durante a história. Comenta que a redução da família é determinada pelas relações sociais, assim como a moral, os costumes e os valores sociais.
“Somos agentes políticos de transformação. O sindicalismo não precisa de patrões, precisa de autenticidade. Se estruturar na base e representar dos trabalhadores para discutir com o tribunal. O sindicato tem o papel de transformar a sociedade. As conquistas do judiciário são frutos da luta do sindicato. Vivemos na contradição. Precisamos garantir humanidade por quem faz o trabalho, ter condições dignas nas relações sociais, além de readequar os salários. Ainda vivemos no judiciário o sistema de castas, um dos mais atrasados do país”.
As doenças mais freqüentes no judiciário são problemas circulatórios, psicológicos e lesões por esforço repetitivo. “A saúde precisa ser tratada como um bem público. Nós precisamos nos indignar com as coisas que a justiça muitas vezes nos obriga a fazer. No Estado capitalista burguês a bandeira de qualificação profissional é uma farsa. O problema é político e não técnico. Com a entrada de um número maior de mulheres e jovens no judiciário a realidade passa a ser mais democrático”, completa.
Aos seus 76 anos de idade e cassado 16 anos de sua vida por defender outro modelo de sociedade, o professor reafirma sua posição. “Estou aqui dizendo que eu quero brigar se vocês quiserem brigar. Precisamos nos organizar para refazer o judiciário e a sociedade. Criar estratégias que não sejam defensivas. É um processo. Quem não quer fazer justiça? A sociedade é resultado da exploração do trabalho e estamos num processo contra corrente. Sonhar com os olhos abertos é bom e faz bem a saúde”, conclui.
Quantos livros vocês lêem por ano?
Livro indicado pelo palestrante:O caminho da servidão, de Friedrich Hayek