Por Marcela Cornelli
Concentrados em frente ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, os servidores públicos federais participaram hoje de manhã do lançamento nacional da Campanha Salarial 2004. A chuva não desanimou os participantes que, puxados por um carro de som, entoavam palavras de ordem contra a política econômica do Governo Lula. “Pode chover, pode molhar, contra o arrocho o servidor vai parar”, gritavam, referindo-se ao indicativo de greve unificada, aprovado ontem na Plenária Nacional para o mês de abril.
A comissão de servidores, composta pelas 10 entidades que compõem a Coordenação Nacional das Entidades de Servidores Federais (CNESF), protocolou, às 11h, a pauta de reivindicações, que inclui uma política salarial que recomponha o poder de compra dos salários, com reajuste emergencial de 50,19%, conforme cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), referente às perdas a partir de 1998. Os servidores também reivindicam a reposição das perdas históricas (de 1995 a 2003) de 127%.
Na pauta deste ano, o funcionalismo quer a incorporação, ao vencimento básico, das gratificações por exercício de atividades e demais gratificações produtivistas (no seu valor mais alto); e a negociação das diretrizes de planos de cargos, carreiras e salários para o setor, que foram entregues no dia 28 de maio do ano passado e até hoje não tiveram uma resposta do Governo.
Atualmente, a grande maioria dos servidores permanece vinculada a planos de cargos obsoletos, sem quaisquer incentivos ao desenvolvimento profissional.
Além disso, os servidores reivindicam o cumprimento dos acordos de greve, a redução da jornada de trabalho sem redução salarial e com a isonomia de piso e a defesa da universidade e dos serviços públicos.
Os trabalhadores querem ainda o reconhecimento da data-base dos servidores públicos federais em 1º de maio, desrespeitada pelo Governo desde 1996. A data simboliza a luta internacional dos trabalhadores pela garantia de seus direitos, além de coincidir com o reajuste do salário mínimo.
Os servidores prepararam também um manifesto, que foi entregue junto com a pauta de reindicações e distribuído entre os participantes. No documento, destacam que a pauta deste ano mantém algumas bandeiras de outras campanhas, “reflexo do descompromisso de seguidos governos com o funcionalismo e com os serviços públicos”.
De acordo com o manifesto, “a política orçamentária, que privilegia o mercado financeiro e compromete a produção nacional com o pagamento das dívidas interna e externa, tem levado ao desmonte dos serviços públicos, notadamente nas áreas de educação e saúde”.
Os deputados federais Luciana Genro (sem partido-RS) e Babá (sem partido-PA) estiveram presentes no lançamento da Campanha para prestar solidariedade aos servidores públicos. Para Babá, a greve unificada é a única saída para o funcionalismo público.
Em seu discurso, Luciana Genro criticou a CUT, afirmando que a Central recusa-se a fazer devido enfrentamento com o Governo.
Fonte: ANDES