O Sintrajusc marcou presença no Ato Unificado de 1º de Maio, Dia Internacional dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, em Florianópolis. Centrais Sindicais e movimentos populares organizaram atividades simbólicas e ações de solidariedade em torno de pautas urgentes como a defesa da vida, vacina para todos, auxílio emergencial digno, emprego decente e defesa dos serviços e dos servidores públicos.
Na capital, os atos ocorreram na Ponte Hercílio Luz, no Terminal Central e nas escadarias da Catedral, com medidas de distanciamento social. As falas destacaram a grave situação do país em relação ao desemprego e também os perigos da PEC 32, que tramita na Câmara dos Deputados e destrói a estrutura administrativa do estado brasileiro, transformando direitos em mercadorias. Nos atos, cruzes simbolizaram os 407 mil mortos pela Covid-19 no país.
Leia abaixo a reflexão de Denise Zavarize, coordenadora do Sintrajusc e servidora aposentada do TRT-SC
Nenhum homem é uma ilha. (…) Por isso não pergunte: por quem os sinos dobram? Eles dobram por ti.
John Donne
Esta fala nunca foi tão pertinente como em 2020, em que os sinos dobraram por mais de um milhão e seiscentos mil mortos em decorrência da COVID 19, quase duzentos mil no Brasil.
E cada vez que os sinos dobraram, os dobres de finados foram pelos mortos e por nós: eu, você, familiares e amigos, conhecidos e desconhecidos, irmanados em uma quase insuportável responsabilidade coletiva.
Porque se eu posso permanecer em casa, protegida, esta proteção me alcança em razão de minha posição social e exclui os seres humanos para os quais foi negado o direito de se proteger e de proteger sua família.
2020 e a COVID 19 esfregaram na nossa cara as diferenças econômicas, sociais e culturais, construtoras do abismo que separa pessoas de outras pessoas.
A solidão de não poder abraçar por meses a fio os entes queridos não dói mais do que a percepção de que, porque vivemos em uma sociedade dividida por privilégios, pessoas morreram solitárias, longe de seus afetos.
O vírus é perigoso, letal e terrível, mas tornado mais perigoso, mais letal e mais terrível porque pessoas não puderam se cuidar e esta é a nossa parcela de responsabilidade pelas mortes que agora assombram.
Para remediar, prevenir esta doença não bastam remédios ou vacinas. É urgente reencontrar nossa percepção de que não somos uma ilha, de que nossa pertença à humanidade significa responsabilidade e que esta responsabilidade não é um fardo e sim uma oportunidade para finalmente sermos humanos.
E também um chamado para que não calemos diante de governos, autoridades e pessoas que relativizam a vida.