Por Robak Barros – Coordenador Regional Sul do Sintrajusc
Trata-se da passagem do Corregedor por Criciúma no dia 4 de setembro, quando, ao constatar que os servidores, em greve, não estavam no prédio da Justiça do Trabalho, saiu rodando a baiana e dando piti, chegando ao cúmulo de abrir um PROAD para que os servidores se defendessem.
Não bastasse o fato de que estar em greve coloca o servidor num nível de estresse muito maior do que aquele que está trabalhando, imaginem, ainda termos que dar justificativas, para a administração do nosso Tribunal, de como organizar o nosso movimento grevista. É o fim da picada! Implica dizer que não nos permitem, numa greve, o direito de nos reunirmos com colegas da Justiça Federal ou Eleitoral e juntos realizarmos atos que não sejam em nosso (r)estrito local de trabalho.
Logo ela, a Justiça do Trabalho, que manda os grevistas ficarem longe dos locais de trabalho, quando as categorias profissionais na iniciativa privada fazem greve. Na próxima greve vamos pedir, em nosso favor, um Interdito Proibitório, para que sejamos compelidos a ficar a no mínimo 500 metros do Fórum Trabalhista.
Não bastasse, quererem administrar e organizar nossa greve, atacam os servidores naquilo que é mais sagrado para um servidor ou servidora, o seu comprometimento. Os servidores e servidoras trabalham muitas horas além do horário normal e sem receberem horas extras, trabalham nas férias, fazendo sentenças, nos domingos e feriados, nos recessos, para garantir a estatística dos juízes e em troca são injustamente recompensados com uma frase na ata da correição do dia 09-09-2015:
“ante o não comprometimento dos servidores em greve que, frisa-se, sequer se encontram em seu local de trabalho”.
O fato é que na mesma oportunidade, 04-09-2015, o que o Corregedor descobriu foi a falta de veracidade das informações constantes das atas de todas as correições. Na maioria das unidades judiciárias onde os colegas diretores, para não ficarem mal ante seus Juízes, afirmam textualmente que: “os Juízes, titulares e substitutos, estão presentes nas Unidades Judiciárias, todos os dias da semana”.
Mas na ferraria do TRT onde só há espeto de pau, os juízes recebem, por parte da Corregedoria, uma enorme rasgação de seda:
“Na Reunião com os Juízes o Exmo. Corregedor parabenizou os Magistrados pelo cumprimento das Metas 2, 5 e 6 do CNJ 2014”.
Vale ressaltar que não existem metas cumpridas sem o trabalho e comprometimento dos servidores, o que torna contraditória e inverídica a alegada falta de comprometimento.
Dependessem apenas dos juízes as metas, estabelecidas pelos órgãos superiores, restariam em mera carta de intenções.
Nenhuma alusão sobre a ausência no local de trabalho por parte dos magistrados. Fato sobre o qual, na mesma ata, pode-se observar que a OAB local reclama, inclusive:
“Reunião com a OAB local
(…)
b) falta de juízes no Foro”.
E somos somente nós os descomprometidos? A greve em Criciúma foi conduzida de maneira responsável, respeitando os limites físicos dos servidores, bem como as necessidades inadiáveis dos jurisdicionados. Foi pautada por decisões coletivas e legítimas da categoria, como é próprio de um Estado democrático.