Por Valmir Braz de Souza, Coordenador Geral do Sindprevs/SC
Neste dia 17 de outubro, o Sindprevs/SC completa 20 anos de história. Ontem, dia 16 de outubro, no início das comemorações dos 20 anos, lançamos em Florianópolis a Revista dos 20 anos do Sindprevs/SC, contando nossa história, uma história feita de mulheres e homens que encontraram-se na luta sindical na década de 80 e construíram um caminho de vitórias, resistência e conquistas até os dias de hoje.
Nestes 20 anos muita coisa mudou. Nós mudamos muito. Nas primeiras greves tínhamos tantos sonhos, energia e coragem que o risco que a ditadura militar representava não nos impedia de expôr nossos pensamentos e lutar. Se nossas conquistas e derrotas são o saldo das nossas batalhas, arrisco-me a pensar que merecíamos mais. Por outro lado, enfrentamos tantos e poderosos interesses sem nunca temer por nossa segurança, indo sempre até o limite das forças, que nem consigo imaginar como estaria o nosso País se não fosse a nossa presença nas ruas, a nossa gritaria em Brasília.
Todos aqueles que passaram pela Direção do Sindprevs/SC nestes 20 anos sempre defenderam que o movimento sindical pensasse o trabalhador como alguém que admira a cultura, o esporte e o teatro. Que a vida não termina quando acaba o expediente e que um Sindicato também deve atuar na defesa da educação de qualidade, do direito de ir e vir e do acesso a informação. Que uma entidade sindical deve estar integrada a outros movimentos sociais e populares e atuar conjuntamente com outras categorias. Nossas metas continuam grandes e altas, mas a cada dia são maiores as cobranças e a pressão sobre a Direção Sindical. Em 1996, FHC reduziu de dez para dois o número de diretores liberados, passando o ônus dos salários a ser das entidades. Em 2003, Lula passou a negociar em separado com as entidades representativas dos servidores, apresentou propostas de carreira diferenciadas para os diversos setores do funcionalismo público e destruiu qualquer possibilidade de mobilização conjunta dos servidores federais.
Talvez nosso maior desafio hoje seja fazer com que os servidores que estão entrando no Serviço Público e que nunca atuaram no Sindicato coloquem os ideais coletivos acima dos interesses individuais. A sociedade em que vivemos nos empurra para o individualismo. O governo está nos empurrando a Avaliação por Desempenho, que vai fazer cada um pensar mais no quanto produz e menos nas condições de trabalho. No entanto, não há como combater ameaça a direitos com atitudes isoladas. É no grande grupo e unidos que os trabalhadores podem mostrar a sua força. E, nesse ponto, os servidores da Saúde e da Previdência sabem que a única forma de vencer os desafios que virão é a união de todos.
Historicamente, o governo nunca nos apresentou um ganho sem ter sido pressionado. Por isso, é que anualmente revemos nossas perdas e organizamos nossa mobilização, nossas paralisações e até uma greve, quando a intransigência é total. Não há outra instância superior para encaminharmos as reivindicações.
O Sindicato funciona com a lógica do “juntos somos fortes”. É antiga, foi muito usada, mas não há outra possibilidade. No Sindprevs/SC um grupo de pessoas trabalha diariamente para defender os direitos de um coletivo, para encaminhar a vontade da maioria, mesmo que esta vontade seja diferente daquela em que o dirigente acredita. Tudo isso sem nenhum retorno financeiro e sem direito a nenhum tipo de reconhecimento. Com a única garantia de que nunca estará bom para todos. Fazer parte de um sindicato significa estar sempre viabilizando o impossível, porque do outro lado não há trégua. Foi assim nos últimos 20 anos e precisa continuar sendo nos próximos, para que no futuro possamos novamente nos orgulhar da história que foi contada pela revista do Sindicato.
Sindprevs/SC
20 anos
juntos fazendo história