Servidores públicos federais de várias categorias participaram na manhã desta quarta-feira [18], em Brasília, do ato público de lançamento da Campanha Salarial de 2009, organizado pelas entidades que compõem a bancada sindical e a Cnesf [Coordenação Nacional das Entidades dos Servidores Federais] e também pela CUT, Conlutas e Intersindical. De acordo com os organizadores, o ato contou com a participação de aproximadamente 3,5 mil pessoas, sendo que da base da Fenajufe participaram representantes do Sitraemg/MG, Sintrajufe/RS, Sisejufe/RJ e Sindjufe/BA, além dos coordenadores Lúcia Bernardes, Saulo Arcangeli e Jacqueline Albuquerque.
Na manifestação desta quarta-feira, que teve concentração na Catedral de Brasília e se encerrou na porta do Ministério do Planejamento, os servidores apresentaram os eixos da campanha salarial deste ano e também protestaram contra qualquer medida que prejudique os trabalhadores do setor público e também os da iniciativa privada.
A pauta de reivindicações, apresentada pelas entidades sindicais, inclui vários eixos, como: garantia da data-base e reajuste salarial para todos; cumprimento de todos os acordos firmados pelo governo com os servidores; paridade com integralidade salarial entre ativos, aposentados e pensionistas; retirada dos Projetos de Lei 001/07, 92/07, 248/98 e 306/08 do Congresso Nacional; aprovação da Convenção 151 da OIT, com direito irrestrito de greve no serviço público; reajuste dos benefícios; fim do desmonte dos órgãos públicos; dretrizes para Plano de Carreira; e antecipação das tabelas remuneratórias de 2010 a 2011.
Os servidores não vão pagar a conta da crise
Os dirigentes sindicais das entidades organizadoras da manifestação ressaltaram, nas intervenções durante o ato, que os servidores não aceitarão a retirada de qualquer direito já conquistado e também que o governo repasse para os trabalhadores a conta da crise econômica, produzida pelos agentes do capitalismo.
Segundo Jacqueline Albuquerque, que falou em nome da Fenajufe, os servidores “precisam dizer ao governo e aos empresários, em alto e bom som, que os trabalhadores não vão deixar barato a pressão sofrida por causa da crise e que estarão nas ruas afirmando que não aceitarão nenhum corte no orçamento do serviço público”. De acordo com ela, o governo federal tem utilizado a crise econômica para dizer que os trabalhadores devem abrir mão de seus direitos. “E por isso, estamos aqui, o conjunto dos servidores públicos federais, para dizer que não vamos abrir mão de nossas reivindicações”, enfatizou.
O coordenador da Fenajufe Saulo Arcangeli, que também falou durante o ato em frente ao Ministério do Planejamento, disse que as diversas categorias dos servidores federais estão mobilizadas, de forma unificada, para apresentar novas reivindicações e reafirmar as lutas históricas da categoria. De acordo com ele, o momento exige que todos estejam mobilizados para impedir os ataques que os empresários e o governo querem impor à clase trabalhadora. “Viemos aqui dizer que não vamos permitir a privatização da Previdência Pública, via Previdência Complementar, o fim do Regime Jurídico Único, o congelamento dos salários dos servidores públicos e defender o direito irrestrito de greve. Também viemos afirmar que estamos unidos para derrotar qualquer tentativa de retirada de direitos”.
Lúcia Reis, diretora da CUT nacional, informou que no próximo dia 30 de março as entidades sindicais dos servidores públicos e dos trabalhadores da iniciativa privada realizarão o Dia Nacional de Lutas contra o desemprego e pela estabilidade. Ela ressaltou, também, a importância da participação de todas as categorias nas atividades do dia 30.
“Esperamos que no dia 30 todos mostrem que estamos aqui atentos para impedir que os efeitos da crise atinjam a classe trabalhadora brasileira. Nós, do serviço público, não vamos pagar por uma crise do capitalismo e vamos cobrar do governo federal uma posição”, ressaltou Lúcia.
A servidora aposentada de Minas Gerais, da base do Sitraemg/MG, Heloisa Alves Lomona, avaliou o ato de lançamento da campanha salarial como um momento importante, em função das pressões que os trabalhadores do serviço público e da iniciativa privada vêm sofrendo. “Precisamos, ainda, chamar os outros companheiros que não estão aqui para participarem de nossas lutas, pois sabemos que a situação mundial não está fácil e realmente não podemos pagar essa conta”, disse.
Para Vera Lúcia Pinheiro, servidora aposentada do Rio de Janeiro e filiada ao Sisejufe/RJ, a unificação de todas as categorias do serviço público no ato de lançamento da campanha salarial foi bastante positiva, uma vez que, na sua avaliação, de 2003 para cá houve uma dispersão no movimento sindical dos servidores. “Essa atividade de hoje foi fundamental e precisamos reorganizar a luta porque temos pela frente um grande inimigo”, afirmou Vera, se referindo aos efeitos da crise econômica mundial.
Da Fenajufe – Leonor Costa