Por Hélcio Duarte Filho
Vinte e nove dias separam a reunião que dirigentes da federação nacional (Fenajufe) tiveram com o ministro Ricardo Lewandowski na véspera de sua posse na Presidência do STF, em 9 de setembro, da que devem voltar a ter com ele na noite desta quarta-feira (8). Mas, nesse relativamente curto espaço de tempo, a insatisfação e até mesmo indignação da categoria cresceu. Alguns acontecimentos, que jogam mais dúvidas sobre as promessas de boas intenções da cúpula da mais alta corte do país, contribuíram para isso.
Quando recebeu os servidores no início do mês passado, pressionado por um ato que ocorreria no dia seguinte paralelo à solenidade de posse, Lewandowski disse que buscaria negociar com o governo Dilma Rousseff (PT) uma solução para o projeto salarial dos servidores, assim como atuaria em favor das demandas dos magistrados. Assegurou que não usaria pesos e medidas diferentes para cada caso.
De lá para cá, porém, o STF concedeu liminar que estende o auxílio-moradia de R$ 4.377 para todos os magistrados, enquanto manteve congelada a questão salarial dos servidores, que acumulam perdas há oito anos. Há poucos dias, o colegiado do Supremo suspendeu outra vez o julgamento da ação que pede indenização pelo descumprimento da data-base dos servidores por parte do governo. O placar estava em 4 a 3 contra os trabalhadores. Já o ministro Dias Toffoli, à frente do Tribunal Superior Eleitoral, atuou com a administração do TRE de São Paulo para reprimir a greve convocada pelos servidores daquele tribunal.
Na reunião confirmada para acontecer em Brasília a partir das 19 horas desta quarta-feira (8), representantes dos servidores devem voltar a cobrar do presidente do STF medidas efetivas que exijam que o governo Dilma reveja o corte no orçamento do Judiciário Federal. É provável que mostrem a Lewandowski que a categoria está mais preocupada e insatisfeita do que estava há 29 dias. E vai organizar novas manifestações e protestos ainda antes do segundo turno das eleições.
No mês passado, o ministro disse que não teria como conversar com a presidente antes das eleições. Não descartou, porém, iniciar já as negociações com a titular do Ministério do Planejamento, Miriam Belchior. Não há notícias de que isso tenha acontecido. “Vamos cobrar dele a negociação que já deveria ter ocorrido, sendo injustificável qualquer postergação, sob qualquer motivo, mesmo eleições, pois são os servidores que sofrem com os salários congelados”, antecipa Adilson Rodrigues, que integra a coordenação-geral da Fenajufe e participará da reunião.