Os servidores do Judiciário Federal em São Paulo entrarão em greve por tempo indeterminado a partir da próxima terça-feira, 30 de setembro, numa paralisação que pode afetar o primeiro turno das eleições.
A decisão foi tomada justamente no Tribunal Regional Eleitoral, na maior paralisação já realizada na história do tribunal com o maior colégio eleitoral do país. Avaliações diárias sobre a continuidade da paralisação serão realizadas no próprio TRE, logo depois de iniciada a greve.
O Apagão desta quarta-feira (24), que incluiu ato público e assembleia geral extraordinária, esvaziou os prédios do Tribunal. Já na rua, a manifestação reuniu grande número de servidores também da Justiça Federal e da Trabalhista, inclusive do interior do estado e da Baixada Santista. “Parabéns aos que lutam!”, saudou Adílson Rodrigues, diretor da Fenajufe.
“Não temos notícias boas de Brasília; a notícia boa está aqui, em São Paulo”, disse o diretor do Sintrajud e servidor do TRE Maurício Rezzani, referindo-se à assembleia lotada.
Mas chegaram boas notícias de outros estados: o TRE do Paraná paralisou suas atividades nesta quarta-feira e em Minas Gerais cerca de 500 servidores cercaram o prédio do Tribunal. No Rio Grande do Sul, houve uma grande manifestação diante do TRE, com participação expressiva também de servidores da Justiça Federal.
Não foi por falta de aviso
“Ou arrancamos o reposição [salarial], ou arrancamos o riso na cara da Dilma [Rousseff], da Marina e de todos os que estão se candidatando”, afirmou Elizaldo Veríssimo, diretor do Sintrajud e servidor do TRE. A frase ilustra a disposição da categoria: não deixar que o processo eleitoral seja realizado à custa de servidores que estão há oito anos sem reposição salarial.
“Avisamos o governo federal, com dois anos de antecedência, para negociar o nosso projeto salarial e não tumultuar as eleições”, lembrou Adilson Rodrigues. “Foram muitos avisos, mas nada foi feito.”
Encerrada a assembleia, que fechou a rua Francisca Miquelina, no centro da capital, os servidores saíram em passeata até o cartório da 1ª Zona Eleitoral, na avenida Brigadeiro Luís Antônio, onde conclamaram os colegas a aderir ao movimento.
Adesão da JF e da JT
Agora, a categoria dedicará os próximos dias à organização da greve por tempo indeterminado. Os procedimentos jurídicos para garantir a legalidade da greve serão tomados, com o aviso às direções dos tribunais dentro do prazo legal de 72 horas de antecedência.
Após a assembleia geral, os servidores da JT e da JF realizaram reuniões setoriais e definiram os próximos passos da organização da greve em seus respectivos segmentos. “Cada um sai daqui como soldado, mas também como general”, definiu Antonio Melquíades, diretor do Sintrajud e servidor da JF.
No TRF-3, haverá uma assembleia setorial na segunda-feira (29), às 14h. Já nesta quinta-feira, lideranças da base vão se reunir às 14h30 para um arrastão em todos os setores do TRF-3.
Na JT da Barra Funda, a assembleia de organização da greve será na sexta-feira (26), às 13h. Nesta quinta, os servidores da Trabalhista vão se encontrar às 14h30 no saguão do Fórum Ruy Barbosa para fazer o arrastão em todo o Fórum.
Na Baixada Santista, servidores vão passar em todos os fóruns a partir desta quinta-feira (25), conclamando os colegas a participar da greve.
No ABC, assembleias diárias
A mobilização também será grande na região do ABC paulista, informou o servidor José Alexandre Paschoal, da JF de São Bernardo do Campo.
Ele disse que metade dos servidores da 1ª vara federal do município paralisou as atividades nesta quarta-feira e que a 2ª e a 3ª varas, além de outros setores, funcionaram apenas com o diretor, o chefe de gabinete e um servidor com função comissionada.
“Vamos fazer assembleias diárias, na quinta, na sexta e na segunda-feira”, afirmou Paschoal, após uma reunião com os colegas de São Bernardo em seguida à assembleia geral. “Também vamos passar em todos os setores do Judiciário Federal no ABC”, avisou.
Fonte: Sintrajud/SP, com fotos de Jesus Carlos