Ninguém precisa dizer que a ginástica laboral é fundamental na prevenção de doenças do trabalho. Depois de meses sem dispor da mesma, os servidores do TRT voltaram a fazer ginástica laboral, mas aos pedaços. Esta atividade, de prestação continuada, é realizada através de contrato anual com empresa especializada. Portanto, ao assiná-lo pela primeira vez, já se sabe exatamente a data do término. Mesmo com toda esta antecedência, o TRT não foi capaz de providenciar a nova licitação antes do fim da prestação dos serviços, levando os servidores a ficarem alguns meses sem a ginástica, com prejuízos diários para a saúde. E não é a primeira vez que isto acontece. Telefone, gasolina, internet também são de prestação continuada e nunca ficamos sem eles. Mas, é claro, eles são mais importantes para as metas do que a saúde dos servidores.
Recursos Humanos esqueceu o “Humanos”
A ginástica laboral não foi restabelecida para pelo menos 22 Varas do Trabalho no Estado. O Serviço de Assistência aos Servidores do TRT, responsável pelas políticas de saúde, vinculado à Secretaria de Recursos Humanos, elaborou estudo e verificou que nestas unidades menos de 30% dos servidores estavam praticando a ginástica laboral. A pesquisa mostrou também que a esmagadora maioria dos servidores considerava a ginástica laboral importante para a saúde.
Ora, um Serviço cuja missão é “promover a saúde e a qualidade de vida de toda a comunidade do Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região” deveria obviamente se debruçar a descobrir porque, sabendo de sua importância, os servidores não praticam a ginástica. Será o excesso de serviço que não deixa tempo? Será assédio moral? Mas a Secretaria de Recursos “Humanos”, em vez de procurar as razões da falta de prática da ginástica, e eliminá-las, de modo a cumprir sua missão, preferiu agir como um economista da FGV e aproveitar para reduzir custos. O jornalista Luiz Nassif certa vez criou a expressão “cabeças de planilha” para denominar algumas correntes de gestores. Se antes menos de 30% praticavam a ginástica, essencial para “promover a saúde e a qualidade de vida”, agora ficou ainda mais difícil fazer. Pergunta idiota: não fazer ginástica laboral ajuda a promover a saúde?
Ah! Mas tem uma coisa. A economia com a ginástica laboral desnecessária permitiu que o TRT aumentasse o auxílio saúde de 6,60 para 35,00, de acordo com comunicado da Presidência, que enaltece o aumento de 430%! Só se esqueceram de que o auxílio era de R$ 25,00 em junho/2008 e foi reduzido provavelmente pela caneta de algum “cabeça de planilha” de Brasília. O valor já havia sido reduzido até R$ 0,50, aumentou para R$ 6,60 e, portanto, se trata de recomposição do valor anterior mais 40%, e não 430%…
Agora ficou mais dificil
Mas a coisa não fica por aí. Está mais difícil fazer ginástica laboral, que era feita em cada local de trabalho. Agora muitos servidores terão que sair de suas salas e se dirigir a outro local para fazer os exercícios. Mesas cheias, pilhas de serviço, ainda que virtuais, chefe muitas vezes dizendo que aquilo é só “matação” de serviço, e o servidor vai ter que perder mais tempo se deslocando a outro lugar para fazer ginástica. Outra pergunta idiota: será que o número de praticantes vai aumentar ou diminuir?
E outra pergunta mais idiota ainda: onde foi parar o primeiro relatório elaborado pelo Núcleo de Engenharia, Segurança e Medicina do Trabalho – NESMT – há quase seis anos? Na época o Núcleo pesquisou in loco todos os ambientes de trabalho no estado e concluiu que havia excesso de trabalho, estresse e muitos casos de depressão. O relatório misteriosamente sumiu da página da Secretaria de Recursos Humanos. Se alguém tiver notícia dele ou tiver feito uma cópia, mande para o SINTRAJUSC.