Por Marcela Cornelli
Em todo o planeta, o 20 de março é dia de manifestação contra a ocupação e massacre das tropas lideradas pelos Estados Unidos.
Leia abaixo matéria do Jornal Brasil de Fato:
Um ano após a invasão do Iraque pelos Estados Unidos, as ações que resultaram em cerca de 10 mil mortos e na destruição do país árabe serão repudiadas por uma marcha internacional, dia 20. As manifestações, unificadas, pretendem reunir milhões de pessoas em todo o mundo.
A mobilização foi convocada pela Associação Mundial dos Movimentos Sociais durante o 3º Fórum Social Mundial na Índia, em janeiro, e aprovada durante o 3º Encontro Hemisférico Contra a Alca, em Cuba, em fevereiro. As manifestações centrarão fogo em três eixos principais: a retirada das tropas estadunidenses e aliadas do Afeganistão e do Iraque, o combate das estratégias de militarização na América Latina e a luta contra a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), considerada pelos movimentos sociais latino-americanos o principal projeto de expansão do imperialismo dos EUA na região.
Após o atentado terrorista em Madri, na Espanha, com o saldo de 200 mortos e centenas de feridos, ganhou força o repúdio às ações de dominação dos EUA. “O atentado demonstra claramente as conseqüências da ação militarista dos EUA para o mundo”, comenta o advogado Ricardo Gebrim, da coordenação da Campanha Contra Alca. Na Espanha, estão previstas manifestações em Barcelona, Tarragona, Sevilha, Madri e Valência.
Manifestantes estadunidenses devem se reunir em protesto contra a guerra em Nova York, Washington, Los Angeles, São Francisco, Chicago, Boston e Philadelphia. Pelo menos 21 países da Europa já anunciaram mobilizações no dia 20. No Oriente Médio, África, Oceania e Ásia estão previstas mobilizações na 28 países. Na América Latina, estão previstas manifestações na Argentina, Chile, México, Paraguai e Porto Rico.
Lição das urnas
Para Luiz Bassegio, da coordenação do Grito dos Excluídos, depois do atentado de Madri tende a crescer a aversão aos EUA. “O povo espanhol fez a leitura correta dos fatos, que é resultado das ações imperialistas dos Estados Unidos e dos governos que o apoiaram”, avalia, ao comentar as eleições espanholas, no dia 14, com a vitória do Partido Socialista Obrero Espanhol (PSOE). Em fevereiro de 2003, cerca de 20 milhões de pessoas saíram às ruas contra a invasão estadunidense.
Para a socioeconomista Sandra Quintela, do Instituto de Políticas Alternativas para o Cone Sul (Pacs), a legitimação da violência no mundo, orientada pelo governo de George W. Bush, reflete-se no atentado espanhol e coloca em risco outros países sob ameaça estadunidense. “A crise no Haiti e os ataques ao governo venezuelano demonstram as intenções de dominação, que só aumentam a violência no mundo”, critica.
Ataques locais
Para Sandra, a “brutalidade com que trabalhadores e estudantes morreram na Espanha reflete também a brutalização do cotidiano”. Ela cita como exemplo o que ocorreu no Rio de Janeiro, onde 18 pessoas foram assassinadas pela Polícia Militar, sob o comando do secretário de Segurança Pública do Estado, Anthony Garotinho. “As ações de Bush e Blair legitimam atos localizados contra os principais inimigos do sistema: os pobres”, reitera.
Entre as estratégias de dominação do continente, são citadas a expansão de bases militares, o intervencionismo militar dos EUA com o Plano Colômbia e o apoio às tentativas de golpe ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Para Bassêgio, essas ações têm relações estreitas com a “guerra econômica”, implementada com acordos bilaterais e que podem ser ampliadas com a criação da Alca. “Nós só vamos conseguir barrar isso com mobilizações, para fazer crescer a consciência mundial sobre as conseqüências da dominação dos EUA, já demonstrada em muitos episódios”, afirma.
Fonte: Jornal Brasil de Fato