Por Marcela Cornelli
A Polícia Federal de Brasília entrou em greve hoje por tempo indeterminado. O Distrito Federal foi a primeira unidade da federação em que os policiais federais decidiram paralisar as atividades. A sede do órgão, no Setor de Autarquias Sul, amanheceu com as portas fechadas. A estimativa do Sindicato dos Policiais Federais no DF (Sinpol-DF) é de que 90% do efetivo local, que é de 1,2 mil pessoas, tenham cruzado os braços.
A categoria reivindica o pagamento do vencimento básico de nível superior para os cargos de agente, escrivão e papiloscopista, em cumprimento à lei nº 9266/96. O presidente do Sinpol-DF, Fernando Honorato, alega que, apesar da lei, muitos policiais federais continuam sendo remunerados como se fossem de nível médio. “Eu, por exemplo, sou um policial especial e recebo vencimento básico de quase R$ 360,00 mais as gratificações do cargo. Se a lei fosse cumprida, esse vencimento seria de R$ 545,00”, disse.
Segundo Honorato, a concessão do reajuste custaria cerca de R$ 500 milhões de reais aos cofres públicos em 2003. “Tivemos que entrar em greve, infelizmente, porque temos pouco mais de 10 dias para colocar isso na proposta de orçamento que está para ser votada no Congresso. Se não conseguirmos, vamos ficar mais uma ano sem receber um direito legal”, observou.
Hoje à tarde o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, recebe uma comissão de policiais federais, para discutir o assunto e negociar o fim da greve.
No início da manhã, houve tumulto em frente ao prédio da PF, onde cerca de 300 policiais em greve se concentravam. Eles impediram a entrada de pessoal terceirizado e de apoio administrativo no prédio, provocando a reação do chefe do Centro de Operações Táticas, delegado Daniel Sampaio. Sem a concordância dos policiais, Sampaio abriu a porta do prédio para liberar a passagem dos funcionários. Um dos delegados que o acompanhavam jogou spray de pimenta em direção aos policiais federais em greve que tentavam fechar a porta, dando início a um empurra-empurra.
Os manifestantes fizeram um cordão de isolamento humano para impedir a entrada de mais pessoas no prédio. O tumulto só terminou depois que o presidente do Sinpol-DF interveio, solicitando uma reunião com o diretor-geral do Departamento de Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda. Foi o próprio diretor da PF que pediu aos grevistas que liberassem a entrada dos funcionários terceirizados e de apoio administrativo, o que acabou ocorrendo no início da tarde.
Segundo o sindicato, a expectativa é de que o movimento ganhe força nos próximos dias e que seja decretada greve de policiais federais em todos os estados. “Quando a greve começar em São Paulo, no Rio de Janeiro, que são locais mais carentes de segurança, vai trazer mais transtornos do que aqui em Brasília, que é uma cidade mais segura”, alertou.
Fonte: BBC Brasil