“Vestibulando branco, hoje eles roubam sua vaga nas universidades públicas. Se você não agir agora, quem nos garante que eles não roubarão vagas nos concursos públicos?” Estes eram os dizeres de cartazes que três jovens colavam, no domingo, perto de universidades na capital paulista. Eles foram presos em flagrante por racismo. O cartaz trazia ainda uma caricatura de um negro segurando uma folha da Fuvest (o vestibular da USP) com o carimbo de aprovado.
O vendedor Emerson de Almeida Chieri, o autônomo Rogério Costa de Andrade e o designer Eduardo Brandão Jarussi colavam os panfletos em paredes de edifícios e muros da Avenida Lins de Vasconcelos, na Vila Mariana, Zona Sul. Espantadas com o que viram, três testemunhas ligaram para a polícia.
Quando os policiais chegaram, Chieri estava segurando os cartazes e Andrade tinha em suas mãos um tubo de cola e um rolo de pintar usado para fixar o papel na parede. Chieri trazia ainda um soco inglês num dos bolsos da calça. Brandão aguardava a dupla dentro de um veículo. Nele havia 185 cartazes e um pincel.
Os folhetos traziam também o site da organização White Power SP. Levados para a delegacia, os três foram presos pelo crime de racismo, previsto na Lei nº 7716/89. A pena pode variar de um a cinco anos de reclusão. De acordo com a polícia, os três não deram declarações e se reservaram ao direito de só falar em juízo.
Pela Web
Em agosto começou a ser julgado o primeiro caso de crime de racismo pela internet do País. O estudante Marcelo Valle Silveira Mello, em depoimento em juízo, reconheceu a autoria de textos ofensivos a negros. Ele também disse estar arrependido e surpreso com a repercussão do caso. “Não me considero racista, não sou 100% branco”, disse Mello no depoimento.
Fonte: Tribuna da Imprensa On-line