A Inteligência artificial já uma realidade e está presente na vida de todos nós através, principalmente, dos celulares e seus aplicativos que, ao mesmo tempo que facilitam nossa vida, coletam informações sobre cada um. Mas e no trabalho? Será que tudo será diferente em anos ou os impactos já estão sendo sentidos? Foi esse o debate entre os palestrantes do painel sobre “Inteligência Artificial: o impacto nas novas relações de trabalho e na carreira e saúde das trabalhadoras e trabalhadores do PJU e MPU” na XXIV Plenária Nacional, em Natal.
A mesa foi conduzida, na manhã de sábado (25) pelas coordenadoras Sandra Dias, Fernanda Lauria e Denise Carneiro e pelos coordenadores Manoel Gerson e Wallace Coelho.
O desembargador aposentado do TRT da 15ª Região, Jorge Souto Maior, participando de forma virtual, trouxe a hipótese de que apesar da elaboração de sentenças ser possível, é necessária a supervisão ética de forma humana. Ele lembrou da fala do ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), quando disse que a Inteligência Artificial seria utilizada para acelerar os processos, no entanto, não há uma ideia humana de solucionar os conflitos sociais para evitar o excesso de processos. Souto Maior falou sobre o uso do ChatGPT e de pesquisas que vem fazendo na área.
Já a professora titular da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora colaboradora no Departamento de Psicologia Social e do Trabalho, Ana Magnólia Bezerra Mendes, também de forma virtual, falou sobre a questão do pensamento colonial que induz o trabalhador a defender os interesses do capital. Em seguida, destacou que a necessidade da hiperconexão inibe o pensar e pode gerar o adoecimento das trabalhadoras e trabalhadores, além de ser um instrumento de controle.
O coordenador-geral da Fenajufe Fabiano dos Santos começou falando sobre a substituição do humano pela inteligência artificial afirmando que é possível, mas improvável, pois para o capitalismo é muito barato explorar o trabalhador. A questão de responsabilização é outro impedimento. Fabiano chamou atenção para o “PL da Uberização” — que regulamenta o trabalho de motoristas de aplicativo — que já está em discussão no Congresso Nacional.
O doutor em administração de empresas e pós-doutorando em sociologia do trabalho, Marco Gonsales, vem aprofundando sua pesquisa em como as trabalhadoras e os trabalhadores se organizam para lutar por melhores condições de trabalho contra as empresas de plataforma. Gonsales estuda o movimento de resistência dos motoristas de transporte compartilhado e entregadores no Brasil e em outros países. Falou também sobre a chamada “Indústria 4.0” e a crise de sobreacumulação e de lucratividade do capital. Para ele, a implementação da IA no judiciário já começou, mas possui várias limitações.
Texto: Ana Paula Costa (Sintrajurn/RN)
Revisão: Raphael de Araújo
Fotos: Felipe Costa