PF ignora pedido de Tarso e fará paralisação amanhã

Fracassou a tentativa do ministro da Justiça, Tarso Genro, de evitar a greve de advertência da Polícia Federal: a categoria vai cruzar os braços amanhã, por 24 horas, em todo o País, em defesa de um aumento salarial de 30% e da reestruturação da carreira. O movimento inclui operação-padrão em aeroportos, como o de Brasília e os de Congonhas e Cumbica, em São Paulo, agravando ainda mais o caos no setor aéreo. A categoria ameaça com uma greve geral se o governo não atender a suas reivindicações.
Esta é a segunda greve de advertência em um mês e serão afetados os serviços de investigação, os mandados de prisão, expedição de passaportes, registro de estrangeiros, autorizações para empresas de segurança privada e outros. O efetivo que atua na alfândega em auxílio à Receita Federal também será reduzido e a previsão é de que haverá atrasos e filas nas decolagens e chegadas dos vôos internacionais. Serão mantidos apenas plantões nas carceragens, além de equipes para prisões e ações de emergência e de proteção patrimonial.
Num gesto que demonstra a preocupação do governo com a paralisação da PF, Tarso foi ao encontro da categoria, na sede de sua principal entidade representativa, a Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef). Ele conversou por mais de uma hora com os líderes do movimento, mas, como não autorizou o reajuste imediato, saiu sem um acordo. “Louvamos o ato democrático do ministro e seu interesse em nos ouvir, mas a greve está de pé até que o governo cumpra o acordo assinado desde o ano passado e pague o reajuste de 30%”, disse o presidente da entidade, Marcos Vinícius Wink.

DEMOCRACIA

Ao deixar a reunião, Tarso afirmou que o governo respeitará o movimento “desde que ocorra dentro da lei e das regras da democracia” e que não é papel do governo interferir em movimento sociais. Disse esperar, contudo, que prevaleça “a responsabilidade e o espírito público”. Segundo ele, sua visita, a primeira que um ministro realiza à entidade, é uma indicação da importância que o governo dá à instituição.
A categoria luta também por sua lei orgânica, com a qual espera reduzir a diferença de remuneração com os servidores dos outros órgãos do sistema criminal da União. Atualmente, os salários de um delegado variam de R$ 9 mil (inicial) a R$ 16 mil, em fim de carreira. Eles reclamam que procuradores e juízes, com os quais já foram equiparados, começam com R$ 14 mil e podem chegar a 22 mil.

Fonte: Jornal Valor Econômico (Vannildo Mendes)