A pré-estréia do filme brasileiro “Olga”, nesta quarta-feira em Brasília, repercutiu hoje no plenário do Senado. O senador Eduardo Suplicy (PT/SP), um dos espectadores do filme dirigido por Jayme Monjardim, questionou da tribuna por que o senado mantém a homenagem ao ex-senador e chefe de Polícia do governo Getúlio Vargas, Filinto Müller, que denomina uma das alas dos gabinetes dos senadores. Um projeto de resolução do senador Sérgio Cabral (PMDB-RJ) sugere a troca do nome Ala Filinto Müller por Ala Nelson Carneiro (ex-senador, autor da Lei do Divórcio e relator da emenda que instituiu o parlamentarismo no país, em 1961) e está pronto para ser votado pelo plenário.
Com a voz embargada, Eduardo Suplicy pediu da tribuna que os senadores “reflitam melhor” sobre a questão e leu a última carta que Olga Benário enviou ao marido, o líder comunista Luiz Carlos Prestes e à filha, da Alemanha, pouco antes de ser assassinada pelos nazistas, em um campo de concentração para prisioneiros judeus.
Filinto Müller (1900-1973), como chefe de polícia do Distrito Federal, comandou a repressão durante a ditadura do Estado Novo. Ex-tenente expulso da Coluna Prestes por covardia, chefiou a ação policial após o levante revolucionário de 1935 e ficou nove anos no cargo. Foi um dos responsáveis pela prisão e pela permissão para a deportação de Olga, que era alemã e tinha vindo para o Brasil na juventude, destacada pela organização comunista soviética para cuidar da segurança de Prestes. Caiu após uma passeata antifascista dirigida pela UNE (4/7/1942), já no clima criado pelo envolvimento do Brasil na guerra contra o nazifascismo. O chefe de polícia não ocultava seu pensamento anti-semita e sua admiração por Adolf Hitler e era assessorado em sua ação pela Gestapo.(fonte: Diário Vermelho)