Ao se reunirem nos próximos dias 18 e 19, no Rio de Janeiro, os chefes dos países membros e dos países associados do Mercosul irão receber uma carta compromisso, denominada “Carta de Buenos Aires”, onde está expressa uma proposta de estratégia comum de comunicação pública dos integrantes do bloco.
O documento – dividido em 12 pontos – foi o principal resultado do seminário A comunicação pública no processo de integração regional, que aconteceu entre 10 e 12 de janeiro, na capital argentina. O encontro, organizado pela Reunião Especializada de Comunicação Social do Mercosul (RECS), contou com a participação de mais de cem jornalistas e especialistas em comunicação do Brasil, Argentina, Venezuela, Paraguai, Uruguai, e também de representantes da Bolívia, como país associado.
“A comunicação é um fator-chave articulador para as nações pertencentes ao bloco, tanto como instrumento para divulgação e integração das políticas do Mercosul quanto para a própria definição de políticas de comunicação públicas convergentes entre os países do bloco”, resume a Carta em um de seus pontos, sugerindo que os governos devem tomar medidas concretas nessa área para facilitar a integração.
Na Carta de Buenos Aires também estão descritas e reconhecidas as situações de assimetria de estrutura de comunicação pública entre os integrantes do bloco, bem como o desconhecimento do que é o processo de integração do Mercosul. Recomenda o documento que os meios públicos assumam seu “papel privilegiado de intercâmbio de informações e cultura”, incorporando ao mesmo tempo a tarefa de cooperação específica para a informação e comunicação gratuita e universal do cidadão. Propõe ainda o documento a necessidade de se cuidar ainda mais da recuperação e manutenção da cultura, da memória, tradições e línguas dos povos da América do Sul.
Ao lado da carta, considerada pelos participantes do seminário um ponto de partida para ações concretas, os três grupos de trabalho representativos dos veículos públicos de comunicação (agências de notícias, emissoras de rádio e emissoras de televisão) definiram algumas ações a serem implementadas a partir deste ano.
Pelas propostas, todos os veículos coincidem na intenção de criação de estruturas novas, virtuais ou físicas, para o compartilhamento de produção e distribuição dos materiais noticiosos produzidos pelos veículos públicos dos países do Mercosul.
Agências, Rádios e TVs do Mercosul
O grupo de agências de notícias públicas do Mercosul já definiu uma próxima reunião, marcada para o mês de março deste ano, quando irá elaborar proposta de criação de uma agência regional, a exemplo do que hoje já existe em termos de Televisão, com a Telesur. A página na Internet será capaz de abrigar as notícias de interesse do bloco, produzidas pelas diversas agências.
Também se comprometem a estimular o conhecimento recíproco dos serviços das agências envolvidas – por meio da colocação de links nos sites de cada uma delas. Além disso, ficou estabelecido que as agências que já estão estruturadas em seus respectivos países se comprometem a colaborar, com ajuda técnica e de capacitação profissional, para o desenvolvimento ou criação de sistemas semelhantes nos países que ainda não contam com esse tipo de mídia.
Já as emissoras de televisão públicas se propõem a montar um centro de referência áudio-visual do Mercosul para o trabalho de legendagem e dublagem (em português e espanhol).
– Este espaço ainda não tem local definido, mas o Brasil já se ofereceu para sediar o serviço, que seria um centro de referência de digitalização e distribuição de conteúdo para todos os países do bloco – explicou o diretor da TV Senado, James Gama, participante do encontro.
Ainda no âmbito das TVs públicas, foi sugerida a criação de um portal multimídia destinado a integrar e reunir os diversos conteúdos dos países; a troca semanal de programas com um selo do Mercosul; e o desenvolvimento de uma plataforma única de geração e distribuição de conteúdos em sinal aberto e por assinatura para todos os países do Mercosul.
No grupo de rádios, o consenso caminhou para a criação de uma cadeia de emissoras de rádios dos países do bloco; o intercâmbio de correspondentes; a instituição, em todos os países, do “Dia do Rádio Mercosul”, em 11 de outubro – dia anterior à data em que aconteceu a descoberta da América por Cristovão Colombo e o processo de colonização das Américas; e ainda a disponibilização recíproca de arquivos sonoros e de conteúdos compartilhados.
Fonte: Agência Senado (Valéria Ribeiro)