Segundo pesquisa realizada pela organização não-governamental Ipas Brasil e pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), jovens negras, sem recursos e das regiões mais pobres do Brasil, são as principais vítimas mortais dos abortos clandestinos.
A investigação sobre as mortes maternas, encomendada pelo Ministério da Saúde, calcula que o maior país da América Latina regista cerca de 1,04 milhões de abortos anuais, o que equivale a uma interrupção voluntária por cada quatro gravidezes.
A pesquisa, baseada em dados recolhidos entre 1992 e 2005, revela que as mulheres negras e mulatas apresentam um risco relativo três vezes maior do que as brancas de morrer devido a complicações relacionadas com interrupção voluntária da gravidez (IVG), devido a hemorragias ou infecções.
A prática, que é crime no Brasil e que pode ser penalizada com um a três anos de prisão, converteu-se na terceira causa de morte materna no país. “O acesso à educação e aos anticoncepcionais é fundamental para reduzir este tipo de mortes”, explicou Leila Adessa, diretora da Ipas Brasil.
O aborto ilegal é “um problema de saúde pública e tem de ser enfrentado como tal, pelo que seria interessante que os políticos promovessem uma alteração legislativa”, advogou Adessa.
Neste sentido, o ministro brasileiro da Saúde, José Gomes Temporão, defendeu em várias ocasiões a realização de um plebiscito para que os brasileiros decidam se querem ou não legalizar o aborto.
Fonte: Agência Carta Maior