O governo já entrou neste jogo disposto a jogar na retranca e não tomar gol. O STF até o momento aposta na mesma tática de não ir para cima do adversário para defender seu próprio projeto de lei. O legislativo, depois de algumas trocas de passes resolveu chutar a gol e aprovou o PCS por unanimidade na Comissão do Trabalho mesmo com maioria da base aliada do governo. Os servidores, únicos que jogam no ataque desde o início da greve, decidiram por unanimidade ontem manter a greve, única forma efetiva de pressão para vencer essa nossa copa, aprovando o PCS.
O Ministro Peluso, contatado ontem no intervalo da sessão disse aos representantes dos servidores que requeressem audiência e se negou a conversar. Os pedidos de audiência da Fenajufe, no entanto, já formam uma pilha no seu gabinete sem que algum tenha sido atendido. A posição do presidente do STF de não dialogar com os servidores e apostar na repressão ao movimento é indigna de um Poder que faz campanha publicitária afirmando “Conciliar é legal”. Sua atitude passa à sociedade que a campanha é mera enganação e que resolver os conflitos conversando só é legal para os outros.
Se o Executivo e o Judiciário parecem fazer um jogo de cumpadres, nesta semana o Legislativo resolveu entrar em campo ao aprovar por unanimidade o PCS na Comissão do Trabalho e iniciar articulações para além da simples aprovação em comissões. O deputado catarinense Cláudio Vignati, comprometeu-se a assumir a relatoria do projeto na Comissão de Finanças e, principalmente, encaminhar negociações com o Ministério do Planejamento para buscar um acordo no mais breve prazo possível. O fato é importante pois ele é um dos especialistas em orçamento na Câmara e tem tido êxito em difíceis negociações de projetos que envolviam gastos para o governo. Foram fundamentais as articulações feitas pelo Comando de Greve juntamente com o Assessor Parlamentar da Fenajufe, o Toninho do DIAP.
A tática agora é cercar Peluso e convencê-lo a entrar em campo em defesa de um projeto do Judiciário, assinado pelo STF e por todos os tribunais superiores e cercar o governo pelas suas próprias bases para ter o acordo fechado antes da última semana de junho. Apesar das liminares na grande maioria dos estados a greve segue firme. Em Brasília, onde o movimento se faz ver aos três poderes, a greve segue com fôlego apesar do sindicato estar sendo alvo de uma abusiva multa diária de 100 mil reais. Os ataques ao direito de greve desferidos por quem deveria defendê-lo – o Judiciário – colocam em cheque a legitimidade democrática deste poder perante uma sociedade formada em sua ampla maioria por trabalhadores, detentores desse direito. Como em todas as ocasiões em que o poder estabelecido extrapola os limites de seu mandato, a resposta que obtém da sociedade é a resistência e a luta para restabelecer a ordem democrática. É o que está acontecendo presentemente com a greve do judiciário.