Por Marcela Cornelli
Com o slogan “Veja que mentira”, uma campanha nacional articulada por um conjunto de entidades ligadas aos movimentos sociais está propondo o cancelamento de assinaturas da revista Veja. Para divulgar a campanha, já foram realizados atos e debates em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo.
Segundo os organizadores do boicote, “a Veja é um símbolo do jornalismo conservador, elitista e comprometido com os interesses privados”. A “tentativa de criminalização dos movimentos sociais e a manipulação de informações no sentido de beneficiar os interesses do grande capital” também são apontados como razões do boicote.
Lançado durante o I Fórum Social Brasileiro, realizado de 6 a 9 de novembro em Belo Horizonte, o boicote à revista faz parte de uma jornada de lutas mais ampla, pela democratização dos meios de comunicação no Brasil e contra o processo de criminalização dos movimentos sociais. Integram a campanha organizações como a União Nacional de Estudantes (UNE), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Via Campesina, a Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação (Enecos) e a Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, entre outras. Também participam da campanha, rádios, jornais e TVs comunitárias, além de jornalistas independentes.
O exemplo dos transgênicos
Esses movimentos apontam como exemplo recentes de manipulação desenvolvida pela Veja, matéria de capa no mês de outubro sobre os transgênicos. Segundo os organizadores, “a revista tenta induzir o leitor a acreditar que a transgenia só oferece benefícios e que todos os grupos contrários à liberação de tais organismos são irracionais, passionais e inimigos do progresso”. “Para construir esta idéia”, acrescentam, “a Veja apresenta uma série de incorreções e omissões e não indica nenhuma fonte científica para seus argumentos”, segundo denunciou o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec).
A agressividade contra movimentos sociais como o MST, e a tentativa de “demonização” de seus dirigentes, assim como a campanha pela adesão do Brasil à Área de Livre Comércio das Américas (Alca) e a defesa dos interesses econômicos norte-americanos também são apontadas como características da linha editorial adotada pela publicação, que embasam a proposta do boicote.
Fontes: Agência Carta Maior e Portal Vermelho