Ministro Lewandowski fala com grevistas na porta do TRE do Rio

Os servidores grevistas do Rio de Janeiro conversaram na tarde desta segunda-feira [24], com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral [TSE], ministro Ricardo Lewandowski, no momento em que ele saía de uma visita de cortesia ao TRE. Os diretores sindicais Moisés Santos Leite, que é servidor do TRE, e Valter Nogueira Alves, que também é coordenador executivo da Fenajufe, abordaram o presidente do TSE e ele falou aos servidores ali reunidos. Lewandowski foi duro na análise da greve, qualificada por ele como “contrária à democracia e nociva à sociedade”.

Moisés Santos Leite lembrou que, historicamente, os servidores do Judiciário só alcançam novos PCS com greve e Valter Nogueira definiu a manifestação do ministro como “institucional”. “Ele assumiu recentemente o TSE e tem as preocupações naturais em relação às eleições: é o ponto de vista institucional. Nosso ponto de vista é o da classe trabalhadora que precisa do reajuste”, disse Valter.

Lewandowski assegurou que as negociações pela aprovação do projeto de lei 6613/2009, de revisão salarial da categoria, encontram-se em estágio avançado, apesar de esbarrarem em grandes dificuldades orçamentárias. “Estamos tentando chegar a um denominador comum”, afiançou, não descartando a possibilidade de o projeto ser aprovado ainda este ano. “O mais importante é garantir um acordo de alto nível”, salientou, apelando para a compreensão e o bom senso dos servidores. Para o ministro, ao invés de contribuir para o que chamou de “parceria”, a paralisação pode angariar má vontade por parte do Executivo e do Legislativo – já que é ano de eleições.

O diretor do Sisejufe Moisés Santos Leite explicou ao ministro que a greve não é contra o Judiciário, mas sim o único instrumento de luta de que a categoria dispõe para pressionar o Executivo a negociar com a cúpula do Judiciário. “No ano passado, nossa paralisação foi pelo envio do projeto ao Congresso. Hoje, a realidade é outra. Precisamos forçar o governo a negociar. Não temos qualquer interesse em causar prejuízo ao cidadão”, disse Moisés.

Valter lembrou que sem um gesto concreto por parte do Executivo ou um acordo já indicando quais serão as bases da negociação, a categoria não vai retroceder nesse momento. “Com todo o respeito à fala do ministro, mas a organização dos trabalhadores é soberana. Não é uma greve contra o Poder Judiciário, não é uma greve contra a população. É uma greve para forçar a negociação da nossa proposta de reajuste salarial”, disse Valter.

No mesmo diapasão, o servidor do TRE Márcio Lacerda afirmou: “Acho que a greve tem que continuar porque parar significa o enfraquecimento da categoria”. Já o analista judiciário Ricardo Freire identificou empenho na manifestação do ministro Lewandowski. No entanto, pondera: “Acho que, contrariando ao que ministro pediu, nós precisamos continuar a greve. Lembro que já fizemos greve também em ano eleitoral e os políticos não ficaram contra nós, ao contrário, agilizaram o acordo”.

Mais de 150 servidores do TRF param por duas horas
Os servidores do Tribunal Regional Federal [TRF] deram nesta segunda-feira [24] uma grande demonstração de disposição e de como será o ato público da categoria nestaa terça, 25 de maio, em frente ao Tribunal Regional Eleitoral [TRE], da Presidente Wilson. Mais de 150 servidores do TRF paralisaram suas atividades por duas horas, das 11h às 13h, em defesa da aprovação do PL 6613 [revisão salarial] e contra o PLP 549 [congelamento de investimentos no setor público]. A paralisação ocorreu sob o som de apitos, chamando a atenção de quem passava pela rua do Acre.

“É isso que temos que fazer. A participação dos servidores do TRF precisa ser essa. Temos que lutar e manter a mobilização”, incentivava ao microfone a diretora do Sisejufe Mariana Liria, em meio ao apitaço promovido pelos servidores.

As duas horas de paralisação foram intensas. Empunhando cartazes e com os apitos, os manifestantes mostraram o quanto a mobilização pode ser forte. O sentimento era de satisfação em participar do movimento. No final da manifestação, em assembleia, os servidores aprovaram que voltam a cruzar os braços por mais duas horas no dia 26 de maio para fortalecer a greve nacional. Segundo o Sisejufe-RJ, a tendência é os servidores do TRF entrarem na paralisação por tempo indeterminado.

Mariana Liria lembrou que nesta terça-feira [25], um ônibus contratado pela direção do Sisejufe levará os servidores para o ato no TRE. A concentração para pegar a “carona” será às 13h na porta do TRF. Em seguida, o veículo passará na Justiça Federal da avenida Venezuela para pegar os funcionários daquele local de trabalho.

Fonte: Sisejufe-RJ