Do total de desempregados brasileiros, metade tem entre 16 e 24 anos. É o que revela o relatório Tendências Mundiais do Emprego Juvenil 2006, divulgado ontem (30) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Esta é a segunda vez que a OIT publica dados sobre o tema do desemprego juvenil.
No Brasil, outro fenômeno chama a atenção: 52% dos jovens empregados, segundo o relatório, trabalham sem carteira assinada e sem nenhuma proteção social, o que contribui para o empobrecimento da população. Na opinião do diretor-adjunto do escritório da OIT no Brasil, José Carlos Ferreira, o Brasil precisa aumentar o índice de qualificação técnica dos jovens.
A América Latina e o Caribe registram juntos 16, 6% de desemprego juvenil, relativo aos trabalhadores entre 15 e 24 anos, mais que o dobro da taxa de desemprego da população geral na região, que é de 7, 7%. No relatório, o desemprego é considerado arte de um problema maior, já que 35% dos jovens que têm trabalho na região não conseguem superar a linha de pobreza. De acordo com o estudo, são cerca de 16, 6 milhões de pessoas que vivem com menos de US$ 2 por dia e 6, 3 milhões que vivem com menos de US$ 1, situação considerada de pobreza extrema.
“Eu acho que o desemprego, como diz o relatório da OIT, é apenas a ponta do iceberg”, disse Ferreira. Para ele, além do desemprego, é preciso ver aqueles que estão ocupados de alguma maneira no mercado de trabalho, qual é o nível de renda com que eles sobrevivem. A OIT estima que uma grande maioria sobreviva com a renda inferior a US$ 2 diários”, explica o diretor-geral da OIT no Brasil.
Em nível mundial, o relatório indica que a taxa de desemprego juvenil é de 13,5%, o que equivale a 85 milhões de pessoas entre 15 e 24 anos que não conseguem emprego. No relatório, os jovens representam 44% do total da desempregados no mundo, apesar de serem apenas 25% das pessoas em idades para trabalhar.
A OIT adverte que o desemprego juvenil e a precariedade de alguns trabalhos geram custos para a economia, para a sociedade, para os indivíduos e as famílias. O organismo orienta que os governos invistam para aumentar as oportunidades de trabalho decente, que permitam aos jovens encontrar empregos produtivos e com renda digna.
Fonte: Boletim Sintrafesc