Reportagem publicada no site Uol nesta terça-feira, 7, aponta a falta de investimentos da Prefeitura de Porto Alegre, de Sebastião Melo (MDB), na prevenção contra enchentes. O item do orçamento do Departamento Municipal de Águas e Esgotos (Dmae) direcionado à pauta não utilizou um centavo ao longo de 2023.
Os dados são da demonstração contábil de 2023, que, segundo o Uol, é o documento mais atualizado sobre a situação financeira do departamento responsável por prevenir enchentes em Porto Alegre. Os valores investidos na área já haviam caído de R$ 1,7 milhão em 2022 para R$ 141 mil em 2023. Em 2024, não há nenhum gasto registrado no item “Melhoria no sistema contra cheias”. A Prefeitura alega que fez investimentos contra cheias de forma “transversal”, envolvendo outras secretarias e ações.
Dinheiro em caixa e redução de funcionários… uma tragédia anunciada
Isso acontece mesmo com o Dmae tendo dinheiro em caixa. A mesma reportagem explica que o Departamento tem R$ 428,9 milhões no “ativo circulante”, que se refere aos bens de maior liquidez de uma empresa, ou seja, que podem ser convertidos em dinheiro em até 12 meses. Enquanto o gasto com proteção contra cheias foi zero, o resultado patrimonial apresentou superávit R$ 31,1 milhões.
Além da falta de investimentos, esse superávit também parece ser reflexo da falta de servidores no Departamento. O Uol informa que, desde 2013, o quadro de funcionários do Dmae foi reduzido em quase metade: passou de 2.049 servidores naquele ano para apenas 1.072 atualmente, uma diminuição de 47,6%.
Desde 2022, o prefeito Sebastião Melo vem atuando para privatizar o Dmae. O superávit pode servir como um chamariz à iniciativa privada, assim como os cortes de pessoal. No final de 2022, o prefeito criou um grupo de trabalho para preparar o projeto de entrega à iniciativa privada. Até o momento, não foi enviado à Câmara um projeto, mas Melo declarou mais de uma vez sua intenção de manter como estatais apenas a coleta e o tratamento da água, repassando ao setor privado a coleta e tratamento de esgoto, a distribuição de água e a gestão comercial.
Com informações do Uol e Sintrajufe/RS
Foto: Agência Brasil