Melhoria da gestão pública depende da qualificação do servidor

Para o especialista francês Gilles Jeannot, pesquisador e integrante da revista Francesa de Administração Pública, a capacidade de oferecer serviços públicos de qualidade depende das condições de trabalho do agente público. “A eficiência das ações pressupõe o preparo do indivíduo e essa qualificação depende muito da organização”, disse Jeannot ao acrescentar que o agente público deve saber fazer, ter coragem de aplicar conhecimentos, e ter poderes para agir (meios e recursos). “É esse conjunto que produz resultados”, destacou.
 
Gilles Jeannot disse que na França está sendo feito um investimento pesado em qualificação de pessoas. Ele afirmou que além da preocupação em oferecer bons serviços o país tem problemas sérios para administrar. Citou desafios relacionados ao meio ambiente e a pobreza e destacou a política desenvolvida no âmbito das cidades, voltada para questões como urbanismo, moradia, saúde e educação, cujos resultados dependem da capacidade dos serviços que o Estado oferece.
O francês destacou que a gestão por competências facilita essa busca de eficácia e que para tirar o melhor dos individuas é necessário antes conhecê-los para poder discernir suas potencialidades. Ele disse que no modelo de gestão usado em seu país foram priorizados programas que permitem maior flexibilidade na administração de pessoas. Comentou ainda que na evolução ocorrida nos últimos anos no setor público francês a nova mentalidade superou a correlação cargo-diploma-salário.
Jeannot explicou que o cargo importa, o saber técnico importa, mas importa mais a atitude, a maneira como o indivíduo atua. “Se ele tem iniciativas de qualidade e de responsabilidade, se ele utiliza a inteligência prática, que se apóia nos conhecimentos adquiridos, mas, é capaz de transformar esses conhecimentos se a situação exigir, ele será fator determinante para agregar qualidade, seja nas empresas ou no setor público”, acrescentou.
Para o palestrante, Pedro Paulo Carbone, gerente Executivo da Universidade Corporativa do Banco do Brasil, as pessoas, “ativos intelectuais” de uma empresa ou organização precisam ser melhor gerenciados. “Existe um paradoxo entre recursos físicos e pessoas. Até hoje aprendemos somente a gerenciar recursos físicos”, observou ele ao acrescentar que cuidar de pessoas, como é o caso da área de recursos humanos, ainda não têm o valor organizacional que precisaria ter. Citou como exemplo dessa realidade o fato de que alunos de Administração de Empresas estão saindo dos cursos sem conhecer gestão de pessoas.
O especialista defendeu que para desenvolver competências e gerar resultados é necessário clima organizacional adequado. Ele citou a experiência do Banco do Brasil, nesse caso, exitosa. Acrescentou que 3.400 habilidades e atitudes foram mapeadas e que o servidor é avaliado nos quesitos saber, habilidade, desempenho, e experiência. Disse que um dos programas de maior sucesso no Banco é o das certificações, onde os funcionários se submetem a provas sobre o trabalho que executam no dia a dia. Carbone disse ainda que o BB tem uma lista de pessoas pré-qualificadas prontas para o exercício de novas funções. “É um sistema de ascensão calcado no mérito e totalmente medido”, explicou.
O palestrante Charles Nobre, gerente de Relações Institucionais de Recursos Humanos na Petrobrás, elogiou o encontro do SIPEC por entendê-lo um fórum fundamental para discussões como a da gestão por competências. Ele afirmou que na Petrobrás essa metodologia aplicada a processos, tecnologia, estrutura e gestão, recursos e pessoas gera resultados sustentados, prontidão para mudança e inovação, regras de gestão definidas e compromissadas, e um diferencial competitivo.
Nobre destacou que não existe um modelo único de Gestão por Competências. “O modelo vai depender de cada organização e de cada momento da organização”, observou ao acrescentar que, por isso, é necessário que ocorra sempre uma revisão das competências, tendo sempre como pano de fundo o plano estratégico da instituição.
Fonte: Servidor On Line