Em coletiva realizada segunda-feira, em São Paulo, Morgan Spurlock contou como a rede mundial de fast food tem reagido a seu documentário.
Ele ingeriu 5 mil calorias por dia e engordou 11 quilos em um mês para revelar ao mundo os malefícios causados por uma alimentação baseada nas chamadas fast food, mais especificamente nos lanches servidos pelo McDonald‘s, uma das redes mais bem sucedidas no ramo.
A empreitada deu certo? Morgan Spurlock diz que sim. Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (28/07) para apresentação de seu filme, Super Size Me, o diretor norte-americano contou que o filme – de baixo orçamento (custou apenas US$ 65 mil) – já foi visto por aproximadamente 2 milhões de pessoas só nos Estados Unidos e deve ser distribuído para cerca de 35 outros países.
Bem-humorado, Spurlock contou que o filme tem provocado reação da cadeia de fast food. Ele contou que na Austrália, onde o filme estreou antes dos EUA, o McDonald‘s comprou trailers em todos os cinemas para exibir propaganda positiva da cadeia de lanches e desqualificar o trabalho do diretor. Ironia à parte, a medida acabou provocando a curiosidade nos espectadores e Super Size Me foi um dos sucessos da temporada australiana.
Nos EUA, a estratégia foi outra. Spurlock conta que lá o McDonalds tem se utilizado de outdoors com os dizeres “Você viu “aquele” filme?” e, no mesmo espaço, divulgar as iniciativas sociais adotadas pela empresa como patrocínio de esportes e geração de emprego.
Rubens Aranha, representante da Next Entertainment, uma das distribuidora do filme no Brasil, contou que aqui o filme tem sofrido uma certa censura e, sem revelar nomes, disse que uma emissora de rádio e uma de TV se recusaram a divulgar a película.
Alguns jornalistas presentes à coletiva contaram também que receberam mensagem eletrônica do McDonald‘s com material promocional, refutando os argumentos do cineasta.
Spurlock contou ainda que, “coincidentemente”, após o sucesso do filme, o McDonald‘s acabou com a opção Super Size de seus lanches e também passou a disponibilizar tabelas nutricionais em sua página na internet. No Brasil, segundo ele, a um mês do lançamento a cadeia tem distribuído folhetos com informações sobre os lanches, providência que não era adotada no passado.
“A gente é muito complacente com tanta coisa nesse mundo. Sempre achamos que não podemos fazer nada. Eu sou só uma pessoa e com um filme choquei uma grande corporação do mundo. Espero que todas as pessoas, após verem o filme, possam pensar que sozinhas elas podem fazer algo”, afirmou.
O diretor lembrou ainda que o McDonald‘s gasta por ano US$ 1,4 bilhão em publicidade e que o foco principal de sua campanha de marketing são as crianças. “Se você consegue que uma criança consuma o seu produto até os 12 anos, ela irá consumi-lo por toda a vida. Isso é o que eu acho mais absurdo”, apontou, destacando como a obesidade é um dos maiores problemas de saúde em seu país.
Spurlock contou ainda que Super Size Me foi exibido no Congresso norte-americano para congressistas e lobistas com o objetivo de tentar motivá-los a fazerem leis que mudassem essa situação.
Super Size Me estréia no Brasil no dia 20 de agosto. (Fonte: Diário Vermelho)