Por Robak Barros
Participei no último dia 24/10 da Marcha à Brasília. Saímos em caravana numa viagem que durou quase trinta horas, foram no mesmo ônibus estudantes, professores, trabalhadores do serviço público e sindicalistas.
Protestar é preciso, ainda mais quando o que está na pauta é retirada de direitos. Reforma da Previdência, o congelamento salarial proposto no PLP 01 e a restrição ao direito de greve. São bandeiras, claras e objetivas, que todos os movimentos sociais, incluindo movimento sindical, abraçam sem o mínimo de restrição. Os que lutam sob o sol escaldante de Brasília, numa longa marcha, estão convictos de que só o povo na rua é capaz de transformações.
Há sempre uns “poréns”: Dirigir o movimento e fazer uso político das mobilizações erguendo bandeiras com as quais os trabalhadores não se identificam joga contra qualquer movimento. Num contingente onde a maioria é de origem do movimento sindical, erguer bandeiras contra reforma universitária, contra a transposição do Rio São Francisco ou pela cassação de Renan já!, é apostar na desmobilização e soa como um estelionato. No auge da concentração em frente ao congresso, as lideranças do Conlutas dividiram a manifestação em outras três: duas protestariam em frente aos ministérios e outra junto ao espelho d’água no Congresso Nacional. O que era pequeno, pouco mais de 10 mil manifestantes, ficou menor e houve uma dispersão total. A passeata chegou em frente ao congresso às 14 horas e trinta minutos depois estava encerrada com os lamentos do maior dirigente do PSTU dizendo que ali faltavam muitas pessoas que estiveram na marcha do dia 23 de maio.
Foi o que aconteceu em Brasília. Não deu na imprensa uma só linha sobre a manifestação, nada, nenhum fato foi criado na manifestação “dirigida” pelo PSTU e PSOL (Conlutas e Intersindical). A mídia estava lá, mas nem foi preciso boicotar.
No final, ouvia-se o discurso do PSOL, ainda fazendo campanha para Presidenta, sendo vaiado pela PSTU.
A Marcha dos Cem Mil em agosto de 1999 deveria, sempre, nos servir de exemplo. Naquela ocasião, a unidade não estava apenas nos discursos, mas nas ações e na direção do movimento. No próximo dia 5 de dezembro haverá outra marcha à Brasília programada pela CUT, outras centrais sindicais e pela Central dos Movimentos Sociais. Estaremos lá e vamos lutar para que valha a pena.
* Coordenador geral do Sintrajusc