A manchete da edição desta sexta-feira, 29, do jornal O Estado de S. Paulo mais uma vez procura colocar a população contra os servidores públicos, como tem sido habitual nos veículos de comunicação da grande imprensa. “Servidores tentam barrar ação que limita teto salarial”, diz a manchete do diário paulista.
A tentativa apontada na reportagem, porém, foi feita por representantes de associações e sindicatos de “juízes, procuradores e auditores fiscais estaduais” que, segundo o próprio jornal, reuniram-se com o deputado Rubens Bueno (PPS-PR), relator do projeto de regulamentação do teto salarial do funcionalismo.
Só depois de a manchete generalizar a iniciativa como se fosse de todos os servidores públicos o texto da reportagem esclarece quais foram as categorias representadas na reunião. O Estadãoentrevistou os presidentes das entidades que supostamente estiveram com o deputado: o da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti; o da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe), Roberto Veloso, e o da Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco), Charles Alcântara.
De acordo com o jornal, as entidades das “categorias mais bem remuneradas” estariam em uma “queda de braço” com o governo Michel Temer (PMDB) para manter fora do teto verbas como auxílio-moradia, bônus de eficiência e valores recebidos pelo exercício de funções de confiança.
Os sindicatos estão repudiando a postura d’O Estado de S. Paulo e de grande parte da mídia de jogar a população contra os servidores, generalizando as ações de determinadas categorias como se fossem de todo o funcionalismo. Em relação ao auxílio-moradia, por exemplo, os servidores do Judiciário Federal são contra o pagamento dessa verba, que há três anos beneficia todos os juízes e procuradores do país, (com exceção dos que renunciaram ao recebimento).