O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), voltou a defender o corte dos salários dos servidores públicos dos três Poderes, demonstrando uma vez mais que a turbulência política não alcança a agenda econômica de Bolsonaro (sem partido) e Paulo Guedes. Depois da “granada” do ministro da Economia, o presidente da Câmara quer usar a necessidade de milhões de brasileiros que precisam da prorrogação do auxílio emergencial para atacar os trabalhadores do setor público.
Nesta terça, 9, Maia afirmou que “se todos os Poderes topassem cortar um percentual para garantir os R$ 600, eu tenho certeza que o Parlamento vai participar e vai defender”. O deputado faz referência ao auxílio emergencial que o governo deveria estar pagando para milhões de trabalhadores, mas muitos ainda encontram dificuldades em receber. Paulo Guedes admitiu a ampliação do período de auxílio por mais dois meses, mas reduzindo o valor, que originalmente era de R$ 600, para R$ 300. Os já insuficientes R$ 600 podem virar R$ 300, e, para que isso não aconteça, Maia joga o custo sobre os servidores e defende o confisco salarial.
Quem é o inimigo?
Desde o início da pandemia, são quase 2 milhões de novos desempregados no Brasil, além de muitos outros com contratos suspensos ou salários reduzidos, graças a medidas que Bolsonaro e Guedes, com apoio de parte do Congresso, tomaram para proteger os mais ricos às custas dos mais pobres. Enquanto o governo faz caixa para pagar os juros e amortizações da dívida pública e seguir abastecendo os banqueiros e especuladores, os trabalhadores e trabalhadoras são jogados à própria sorte.
Seguindo as orientações do Banco Mundial e capitaneado por Paulo Guedes, representante quase oficial dos banqueiros, o governo toma medidas que não ajudam a economia, desprotegem os trabalhadores e preservam os interesses imediatos dos mais ricos. Frente à crescente indignação popular, Bolsonaro, Guedes e Maia tentam criar, para os mais pobres, um inimigo imaginário, personificado nos servidores públicos. Assim, protegem a si mesmos e aos banqueiros, especuladores e grandes empresários e pavimentam o caminho para o desmonte dos serviços públicos. Os trabalhadores e as trabalhadoras de todos os setores saem prejudicados.
Estado de alerta para a retomada da mobilização
As alternativas reais para proteger a economia e os direitos da população não são sequer cogitadas pelo governo, já que, em vez do bolso dos trabalhadores, agiriam sobre fatias dos lucros estratosféricos dos ricos. O uso das reservas internacionais, a taxação das grandes fortunas e a revogação do congelamento de investimentos passam longe das intenções de Bolsonaro, Guedes e Maia.
É preciso ficarmos em estado de alerta. Antes mesmo da pandemia, a PEC 186 (redução de salários em até 25%) já estava na pauta do governo. Agora, enquanto apenas observa o colapso da economia brasileira e o tombo do PIB deste ano, o governo quer retomar a reforma administrativa, acabar com a estabilidade e os concursos públicos.
Com informações do Sintrajufe – Foto: Agência Brasil