O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, ontem, a expansão do serviço público. Para o presidente, é preciso investir na contratação de novos funcionários capacitados e na remuneração adequada do funcionalismo para melhorar os serviços prestados pelo governo aos brasileiros. Para se ter uma idéia de quanto ele quer incrementar a máquina pública, o projeto da lei orçamentária para 2008, que está em análise no Congresso Nacional, prevê a abertura de 56.348 novas vagas distribuídas entre os órgãos federais, abrindo um extenso leque de oportunidades.
A defesa dos servidores foi feita durante discurso, na solenidade de inauguração Centro de Produção de Antígenos Virais de Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na Zona Norte do Rio. Lula se queixou de a criação da Secretaria de Ações de Longo Prazo, liderada pelo ministro Roberto Mangabeira Unger, não ter sido aprovada pelo Senado. Ele cobrou do Congresso essa responsabilidade.
“Vocês viram que, esses dias, o Senado – eu ainda não sei qual a razão – votou contra uma medida provisória que nós mandamos, e o pretexto era que estava evitando que o governo contratasse mais cargos”, disse.
Para o presidente, choque de gestão é contratar mais gente, ter mais pessoas qualificadas trabalhando. “É preciso parar com essa mania de que todo servidor público é marajá”, disse o presidente. Segundo Lula, além dos cerca de 80 cargos da secretaria, o governo enfrenta dificuldade para contratar professores para novas escolas técnicas e universidades federais.
Um milhão
Durante o governo Lula, o número de servidores públicos somente no Poder Executivo passou a marca de um milhão. Em 1992, eram 998 mil servidores do Executivo, somando civis e militares. Nos dez anos seguintes, o quadro de pessoal foi sendo enxugado lentamente.
Em 2002, no término do governo Fernando Henrique Cardoso, a administração federal dispunha de 810 mil trabalhadores. Desde que Lula tomou posse, no entanto, foram contratados mais de 190 mil servidores. Os dados constam do Sistema de Acompanhamento da Execução Financeira do governo, conhecido como Siafi.
Segundo o presidente Lula, os servidores sequer ganham bons salários – ou seja, seria necessário não só ampliar o quadro de funcionários públicos, como também aumentar a quantidade de dinheiro que o Estado gasta com cada um deles. “As pessoas passaram a idéia que é possível fazer um choque de gestão diminuindo o número de pessoas que trabalham, quando, na verdade, o choque de gestão vai ocorrer quando contratarmos gente mais qualificada e mais bem remunerada”, declarou o presidente.
Vagas
As 56.348 contratações previstas para o próximo ano são bem distribuídas entre os órgãos federais. O Congresso Nacional, por exemplo, tem autorização para contratar 937 funcionários, seja pela realização de novos concursos ou pela convocação de aprovados em provas anteriores. O Tribunal de Contas da União (TCU) pode chamar 480 novos servidores. O Poder Judiciário tem sinal verde para convocar 12.604 pessoas e o Ministério Público, outras 2.295. Mas é no Executivo que está a maior quantidade de oportunidades, 40.032.
Destas, 28.586 vão preencher vagas abertas por servidores que se aposentaram, foram demitidos ou deixaram os cargos. As 11.446 restantes vão substituir os terceirizados lotados nos órgãos atualmente. A maioria dos concursos deverá ser para seguridade social, educação e esportes. Porém, é no Judiciário e no Legislativo, que estão os concursos mais atraentes, por conta dos salários e da jornada de trabalho menor.
Fonte: Jornal de Brasília