O jornal Folha de S. Paulo divulgou nesta quarta-feira, 1º, um levantamento que demonstra grandes dificuldades para que o governo de Michel Temer (PMDB) aprove sua proposta de reforma da Previdência na comissão especial criada na Câmara dos Deputados para debater o tema. Ao jornal, apenas um dos 36 integrantes da comissão disse ser favorável à aprovação na íntegra da proposta – um dos integrantes não respondeu, e os outros 34 disseram-se a favor de alterações.
O levantamento corrobora o que vem sendo apontado por diversas entidades sindicais e movimentos populares: é possível barrar a reforma. O que se vê é um governo crescentemente desgastado. Há ministros e lideranças governistas "desembarcando" quase diariamente, e mesmo setores da grande mídia, apoiadora entusiasmada de qualquer contrarreforma que ataque direitos dos trabalhadores, começam a abandonar Temer, talvez percebendo sua incapacidade de convencer a sociedade sobre o projeto de país que quer implementar.
Maior parte dos deputados da comissão discorda de diversos itens propostos
Segundo o levantamento da Folha de S. Paulo, dos 34 deputados que defendem alterações na proposta, 21 querem mudanças pontuais, enquanto 12 sugerem mudanças profundas (um respondeu estar em dúvida). Dos 35 que responderam ao levantamento, 18 afirmam discordar da idade mínima de 65 anos como condição para a aposentadoria, além de quatro deputados que disseram estar em dúvida. 22 deputados discordam da unificação das regras para homens e mulheres com idade mínima de 65 anos e pelo menos 25 anos de contribuição.
Em outra questão do levantamento, a Folha lembrou que "com a nova fórmula de cálculo proposta pelo governo, só seria possível alcançar o benefício integral na aposentadoria após 49 anos de contribuição", com o que 25 deputados disseram não concordar, além de quatro que se disseram em dúvida. Além disso, 26 disseram discordar da regra de transição para trabalhadores que estão mais próximos da aposentadoria. E 25 afirmaram que discordam da mudança proposta no Benefício de Prestação Continuada, pago a idosos e deficientes pobres e que seria desvinculado do salário mínimo.
As claras demonstrações de desgaste do governo precisam servir como combustível para que fortaleçamos as lutas nas ruas de todo o país. A crise política na qual Temer afunda-se cada vez mais é também resultado justamente dessas lutas que estão sendo travadas por entidades sindicais e movimentos populares e que precisam ser aprofundadas.
Com informações do Sintrajufe