Por Marcela Cornelli
Leia abaixo a íntegra da Direção Estadual do MST sobre as ocupações em Santa Catarina:
Ocupação de área da Klabin é para pressionar a agilização da Reforma agrária
Intensificando a luta pela terra e pela reforma agrária, em torno de 500 famílias de agricultores sem terra, ligadas ao MST, ocuparam na madrugada do dia 17 de abril uma área de propriedade do grupo Klabin. A ocupação ocorreu no município de São Cristóvão do Sul, região Planalto Serrano de Santa Catarina. Esta empresa, de acordo com sua página na internet, é proprietária de 117.888 hectares de terra no estado. Destes, 3.856 hectares é área plantada com eucaliptos, 65.745 hectares de pinus, 676 hectares de outras espécies, 31.992 hectares de reserva natural e 15.620 hectares consta como “outras”.
O MST questiona a função social da terra e enquanto uma única empresa domina 117 mil hectares de terra, sem produzir nenhum quilo de alimento, milhares de famílias não tem um pedaço de terra para viver e produzir o seu sustento, gerando emprego e renda.
No momento a área está cercada pela polícia que não deixa ninguém entrar e nem sair do acampamento, afligindo o direito de ir e vir das pessoas. O clima é tenso. A empresa acusa os sem terra de “depredarem a mata nativa preservada pela mesma, destruir lavouras de pinus e fazer um funcionário de refém”. Esta acusação é descabida e mentirosa. Se o pessoal da imprensa for até o local do acampamento irá perceber que não existe nenhuma reserva de mata nativa no local do acampamento. Em relação ao senhor que a empresa acusa o MST de ter feito ele de refém, o próprio quer dar um depoimento desmentindo a acusação.
Viemos a público esclarecer que a ocupação é uma forma de pressionar as autoridades do país a acelerarem o processo de democratização da propriedade da terra. O Brasil tem a segunda maior concentração fundiária do mundo. Entendemos que é impossível retomarmos o crescimento econômico sem democratizar o acesso a terra. O latifúndio é injusto por essência.
Solicitamos aos meios de comunicação a cobertura verdadeira sobre o que realmente está acontecendo na área em São Cristóvão do Sul.
Pedimos a compreensão do Governador do Estado senhor Luiz Henrique da Silveira para que autorize a retirada da Polícia Militar do Local. Entendendo que a luta pela terra e pela reforma agrária é uma questão social e questões sociais não podem serem tratadas como caso de polícia.
Direção Estadual do MST
Fonte: Direção Estadual do MST