Por Marcela Cornelli
Cerca de 600 crianças com idades que variam de 8 a 12 anos se reuniram esta manhã no campus da Universidade Federal de Santa Catarina para a abertura do III Encontro Estadual dos Sem Terrinha. Até sexta, estão programadas diversas atividades e oficinas.
As crianças são filhas de assentados e acampados do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), vindas de todas as partes do estado. “Todas as regiões de Santa Catarina têm representantes neste encontro”, afirma Dirceu Pelegrino, um dos integrantes do movimento.
Para a organização do evento, o objetivo do Encontro dos Sem Terrinha é educar os jovens e fazer com que eles tenham contato com o ambiente urbano.
Segundo Pelegrino, é muito importante que os filhos dos assentados e acampados conheçam a cidade e aprendam com essa experiência. “Esse tipo de encontro faz com que as elas (as crianças) cresçam baseadas em valores éticos e humanísticos, voltadas para um mundo justo e igualitário”, afirma. Ao todo, as crianças vão fazer visitas a 13 escolas da Capital para conhecer as instituições.
O encontro dos Sem Terrinha vai até sexta-feira e é uma iniciativa do MST, realizado em parceria com o Governo Estadual, Secretaria da Educação, Incra e Eletrosul.
O superintendente regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Santa Catarina, João Paulo Strapazzon, esteve presente na abertura do encontro.
Strapazzon afirmou que o Incra, em conjunto com o Governo Federal, dá apoio aos sem-terra para que todas as crianças tenham acesso à educação. “Através do Proner (Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária) o Governo possibilita a educação formal do ensino fundamental, médio e superior aos acampados e assentados”, destaca.
As visitas
Durante a tarde, 21 crianças visitaram os laboratórios do Curso de Jornalismo em uma espécie de oficina promovida pela disciplina Produção Cultural para Crianças. Após a visita, eles tiveram a chance serem jornalistas por um dia.
Deslumbrado com um mundo novo e com várias coisas que saltam aos olhos como cores e sons, Maycon Amaroto, de 10 anos, diz que prefere o Fotojornalismo. “Gostei mais das fotos”, aponta.
Além de conhecer outros centros e cursos da Universidade, até sexta-feira, os sem-terrinha participarão de uma série de atividades, como construção de bonecos de jornal, brincadeiras com boi-de-mamão, oficinas de dança, jogos teatrais, yoga, capoeira e street dance.
Plano de Reforma Agrária
A respeito do projeto do Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA), previsto para ser entregue nesta quarta-feira ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, o superintendente regional do Incra, João Paulo Strapazzon, afirma ainda não há definição sobre o projeto e que será realizado o debate do PNRA com a população.
“Agora vamos discutir com a sociedade para concluirmos as metas e como atingi-las”, explica. “Sobre a meta de 1 milhão de assentados até 2006, isso é uma expectativa, uma meta que ainda não foi fixada”, completa .
Strapazzon também diz que o plano deve respeitar as diferenças entre as regiões brasileiras. “Na verdade há cinco planos, um para cada região do país, e as diferenças locais serão contempladas no PNRA”, conclui.
Fonte: Universidade Aberta Online