Por Marcela Cornelli
Em uma emocionada intervenção durante o segundo dia de discussão da reforma da Previdência no plenário, a senadora Heloísa Helena (PT-AL) voltou a atacar o projeto e disse que os argumentos utilizados pelo governo para defendê-lo são os mesmos da gestão Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
A senadora está ameaçada de punição pelo partido por se posicionar contra a reforma da Previdência e por fazer discursos ofensivos à proposta. Ontem, a comissão de ética do PT adiou pela terceira vez uma decisão sobre a situação de Helena: a definição acontecerá nos dias 13 e 14 de dezembro.
“Passei dez anos da minha vida construindo o PT e trabalhando por propostas absolutamente diferentes dessa que é a reforma da Previdência”, afirmou, chorando. “Alguns dos que deram muitos de seus anos para construir o PT talvez não sejam mais necessários.”
Cerca de 15 senadores ouviam o discurso de Helena, entre eles o vice-presidente do Senado, Paulo Paim (PT-RS), que também se coloca contra pontos do texto da reforma, e o relator da Previdência, Tião Viana (PT-AC).
Ela criticou principalmente o que chamou de “velha cantilena”, formada por “argumentos falsos, falhos e demagógicos” e usada para defender uma reforma que não reduz privilégios. “É evidente que no debate da reforma da Previdência os argumentos são exatamente os mesmos do que na época de FHC”, afirmou.
Para a senadora, “o que está em jogo não é a reforma do aparelho do Estado, que eu defendo, o que está em jogo é a mesma coisa do que nos oito anos de governo FHC, é a disputa pela riqueza criada no país”.
Ao final de sua intervenção, Heloísa Helena disse que manterá sua postura crítica à reforma e ao governo, apesar dos benefícios que poderiam surgir se adotasse o silêncio. “O silêncio é sedutor, o silêncio dá cargos e permite que se frequente os palácios”, afirmou.
Fonte: Folha On Line