Governo manipula opinião pública, dizem servidores

Os representantes das entidades nacionais dos servidores públicos federais elevaram o tom na sétima rodada do ano da mesa nacional de negociação com o governo, ocorrida no Ministério do Planejamento na manhã de quarta-feira (16). Os trabalhadores acusaram o governo Dilma Rousseff de fazer propaganda enganosa ao divulgar para a imprensa que a recém-publicada Medida Provisória 568/2012 concede aumentos de até 31% para o funcionalismo. 

Dirigentes das 32 entidades que participam do fórum de negociação, e que preparam uma greve nacional do funcionalismo para meados de junho, também apresentaram um estudo mostrando a viabilidade orçamentária do impacto do atendimento da reivindicação de reajuste linear de 22%. O índice refere-se à soma das perdas inflacionárias dos dois últimos anos mais a variação do Produto Interno Bruto.

De todas as reuniões ocorridas em 2012 com o secretário de Relações do Trabalho do Planejamento, Sérgio Mendonça, esta foi provavelmente a que os servidores foram mais duros nas críticas ao governo. Isso deve-se, em parte, à publicação pela presidenta Dilma Rousseff da MP 568, que incorpora quase todo o conteúdo do PL 2203/2011, que estava parado na Câmara desde agosto do ano passado e é resultado parcial de negociações no ano passado entre o governo e alguns segmentos do funcionalismo.   

 GOVERNO MANIPULA OPINIÃO PÚBLICA, DIZEM SERVIDORES

A irritação dos dirigentes sindicais, que já vêm demonstrando muita insatisfação com a falta de avanços nas negociações, foi agravada por dois novos motivos: primeiro, a forma como o governo anunciou a medida provisória, dando ares de um aumento salarial generalizado que não existe e tampouco nos percentuais divulgados; segundo, o fato de a decisão de publicar a MP nem sequer ter sido comunicada aos integrantes da mesa. “O governo devia ter sentado conosco. A imprensa tomou conhecimento, mas tem uma mesa nacional de negociação e essa [mesa] não tomou conhecimento”, diz o servidor Manoel Crispim, que participou da reunião como um dos representantes da CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular).

Na reunião, ele criticou a atitude do governo, que qualificou como uma tentativa de jogar a opinião pública contra os servidores caso a greve seja inevitável. “O que vocês estão querendo causar é um conflito entre a sociedade e o funcionalismo”, teria dito a Sérgio Mendonça, referindo-se ao fato de que os servidores terão que explicar à população porque vão à greve se já receberam um suposto aumento de 31%. “Não existe aumento para o funcionalismo. É só para propaganda. É um processo de enrolação quando coloca para a imprensa que tem aumento”, observa.