Por Marcela Cornelli
Nesta quarta, dia 31 de março, faz 40 anos que os militares promoveram um golpe de Estado no país, depondo o então presidente João Goulart.
Para o professor de História da UFSC Waldir Rampinelli, a censura, que durou de 1964 a 1979, foi um dos principais problemas do governo militar. Como exemplo, o professor citou uma epidemia de meningite, em 1973, que não pôde ser divulgada pela imprensa, já que a época era do “milagre econômico”.
Segundo Rampinelli, esse governo trouxe conseqüências que duram até hoje, como os desaparecidos e mortos e a dívida externa que aumentou absurdamente, principalmente com o governo de Ernesto Geisel. Sem contar na dependência de países ricos, principalmente dos Estados Unidos, que se agravou com o governo militar.
O professor ainda comentou que é difícil trabalhar sobre hipóteses, mas se não tivesse ocorrido a ditadura militar o país poderia estar muito melhor hoje. Em 1964, no governo Goulart, “o Brasil tinha a melhor política externa do mundo”, argumentou Rampinelli.
Para Rampinelli, a Universidade Federal de Santa Catarina foi particularmente afetada pela censura, pois “na universidade estavam os estudantes, que seriam os futuros guerrilheiros”.
A partir de 1968 os acadêmicos podiam ser enquadrados pela Lei de Segurança Nacional, onde uma manifestação poderia ser considerada um atentado contra o Estado, digno de pena de morte. Sem contar que a Secretaria de Segurança pagava um aluno em cada sala para vigiar os professores e alunos, havendo um clima de “delação permanente”.
Essa vigilância contínua por um aluno em cada sala foi confirmada pelo ex-reitor da UFSC, Gaspar Stemmer. “Depois de 1968 (ano em que foi decretado o Ato Institucional nº 5) qualquer coisa que o professor dissesse podia ser denunciado”, afirma o ex-reitor.
Fonte: Universidade Aberta Online