Franceses comemoram vitória do “não” contra Euroconstituição neoliberal

Os partidários do “não” no plebiscito francês sobre a Constituição européia saíram às ruas de Paris ontem (29) e se reuniram para comemorar a vitória na Praça da Bastilha.
Cerca de 2.000 defensores do chamado “não de esquerda” foram ao local, mesmo com a forte chuva que caiu às 22h locais, após conhecer os resultados da consulta popular. Segundo os dados oficiais, 54,87% dos eleitores votaram em repúdio à Constituição neo liberal. Pesquisas de boca-de-urna apontavam que entre 54,5% e 55,6% dos eleitores teriam votado contra.

O referendo teve alta taxa de participação, quase 70% dos 42 milhões de franceses chamados para votar foram às urnas.

Entre os rostos mais populares da esquerda se encontrava a líder do Partido Comunista, Marie-George Buffet, para quem a vitória do “não” é uma rejeição à Europa liberal O triunfo do “não” é “antes de mais nada o dos operários, dos trabalhadores, dos jovens e dos desempregados (…) unidos nas urnas para rejeitar os liberais”.
Para outro firme defensor do “não”, Henri Emmanuelli, que liderou junto ao ex-primeiro-ministro Laurent Fabius os “dissidentes” socialistas, “não foi um voto de medo, mas de esperança”.
“Estou orgulhoso da França e dos franceses, que reafirmaram sem ambigüidade a primazia da soberania popular acima de todos os aparatos político-midiáticos”, acrescentou.
Os eleitores franceses rejeitaram a adoção da Constituição Européia no país, de acordo com resultados oficiais parciais divulgados pelo Ministério do Interior francês neste domingo. A votação terminou às 22h (17h de Brasília).
“A decisão da França cria um contexto difícil para defender nossos interesses na Europa”, disse o presidente francês, Jacques Chirac, em um breve discurso feito minutos depois do fechamento dos locais de votação.
Chirac disse também que irá divulgar “nos próximos dias” suas decisões sobre possíveis mudanças no governo, em um momento em que o primeiro- ministro do país, Jean Pierre Raffarin, bate recorde de impopularidade.

Decepção

“É uma grande decepção para todos aqueles que se comprometeram com o “sim”, declarou o ministro francês das Relações Exteriores, Michel Barnier.
A França é o primeiro país europeu a rejeitar a Constituição, que teria que ser ratificada pelos 25 países membros da UE para entrar em vigor. Ontem a atenção dos neoliberais do continente europeu estava fixa no referendo da França, um dos países fundadores e um dos “motores” do bloco.
No total, 42 milhões de eleitores foram chamados para votar nesta consulta popular histórica, que ficou marcada pela alta taxa de participação. Cerca de 70% dos eleitores chamados compareceram às urnas, porcentagem maior que a registrada no referendo de 1992 sobre o Tratado de Maastricht, quando o “sim” ganhou por uma pequena diferença, 51,04%.
O resultado pode provocar um “efeito dominó” nos outros países que ainda não ratificaram a Constituição, como a Holanda, que votará o referendo nesta quarta-feira. Até agora, nove países já aprovaram o projeto, em um processo que terminará em 2006.

Com agências internacionais