Por Janice Miranda
A cidade indiana de Mumbai, a antiga Bombaim, se prepara para receber o 4o Fórum Social Mundial. O evento é “um espaço de encontro da diversidade de atores sociais de uma emergente cidadania planetária”, na definição de um dos seus idealizadores, Cândido Grzybowski, diretor do Instituto Brasileiro de Análise Sociais e Econômicas (Ibase), uma das oito entidades que iniciaram o fórum, em 2001.
O Fórum chegou a reunir 150 mil pessoas na sua edição anterior e acontece fora do Brasil pela primeira vez. Para Grzybowski, a transferência para a Índia faz parte do processo de internacionalização previsto durante a concepção do Fórum. “Estamos trabalhando para construir um evento global, abrindo espaço para a participação de organizações e movimentos asiáticos que por conta da distância não puderam estar presentes em Porto Alegre. Há a intenção de levar o evento também para o continente africano”, explica. Segundo ele, a mudança essencial nessa quarta edição se dá por conta da consolidação já conquistada. “Nosso desafio agora é tornar o Fórum um ator de impacto, pois já somos um espaço de articulação e reflexão. Nossas dificuldades já não são mais de ordem organizativa, e sim metodológicas com implicações políticas”, afirma.
Para preparar a cidade anfitriã, artistas estão na metrópole onde vivem mais de 20 milhões de habitantes. Junto com alunos de faculdades de belas artes, eles expressam nas populares estações de trens os temas do congresso em pinturas, esculturas e instalações. “A cidade já está em clima de festa, os hotéis estão lotados”, conta Farida Jhabala Romero, assessora de comunicação do Fórum. Ele comenta que mais 60 mil delegados já se registraram para o encontro, que acontece entre 16 e 21 de janeiro. “Mas acho que esse número ainda chegará a 100 mil pessoas”, acredita Romero.
Nos 800 seminários e debates previstos, os temas variam entre globalização imperialista, militarismo, fanatismo religioso, violência, sectarismo, racismo e sociedade segmentada, trabalho, exclusão e discriminação social. A maior parte da programação será composta por atividades autogestionadas, seguindo a natureza de improviso e democracia do encontro.
A cobertura da imprensa mundial promete ser ampla. Franceses, indianos, coreanos, norte-americanos, brasileiros, alemães e japoneses são os mais freqüentes na lista de mais de dois mil jornalistas credenciados, mas a imprensa alternativa não-registrada – que abastece sites de organizações não-governamentais e movimentos populares – também deve multiplicar a participação da imprensa no evento.
Fonte: Agência Brasil