Por Marcela Cornelli
Perto de 12 milhões de famílias norte-americanas declararam no ano passado terem problemas para comprar comida e 32% delas experimentaram alguma forma de fome, segundo levantamento divulgado na quinta-feira passada pelo Departamento da Agricultura dos EUA.
Foi o terceiro ano consecutivo em que o Departamento constatou um aumento no número de residiencias vivendo cariencias alimentares e manifestando preocupação por não ter dinheiro bastante para comprar comida.
Baseado em uma pesquisa com uma amostragem de 50 mil residências, o estudo aponta que 3,8 milhões de famílias enfrentaram situações em que uma ou mais pessoas na residência saltou refeições por não ter como custeá-las. Este número representa um aumento de 8,6% em relação a 2001, quando havia 3,5 milhões de famílias nestas condições. Face a 2000, o incremento foi de 13%.
34 milhões de pobres nos EUA
Também aumentou o número de famílias que se sentem inseguras quanto às suas condições de suprir-se de alimentos e ter comida suficiente em suas despensas. No ano passado, 11% das 108 milhões de famílias norte-americanas colocavam-se nesta situação. Isto representou um aumento de 5% face a 2001 e de 8% emn relação a 2000.
A maior parte dos norte-americanos em luta com a fome trata de garantir ao menos a alimentação de seus filhos. No entanto, estima-se que em 265 mil famílias dos EUA uma ou mais crianças saltaram refeições no ano passado por falta de alientos e de condições para adquirí-los.
A economista Margaret Andrews, autora do levantamento, disse que as ocorrências de fome e de insegurança alimentar estão claramente ligadas aos índices de pobreza. Os dois flutuam juntos. O estudo “foi uma confirmação de que as séries de dados ao longo dos anos estão se comportando como era de se esperar, ou seja, da mesma forma que a pobreza”, disse ela, apontando que o Census Bureau (o equivalente norte-americano do IBGE) apontou um aumento dos pobres no país.
Cerca de 34,6 milhões de norte-americanos estavam vivendo na pobreza no ano passado – 1,7 milhão a mais que em 2001, conforme o Census Bureau.
Fome e obesidde coexistem
Aparentemente, a fome não deveria ser um problema em um país como os EUA. O país alimentos em abundância, centenas de cadeias de supermercados e restaurantes em praticamente cada esquina. A obesidade é considerada por estudiosos como uma epidemia grave, com 65% dos adultos e 13% das crianças estadunidenses pesando mais do que deviam, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Enfermidades.
No entanto, Barbara Laraia, professora de Nutrição na Universidade da Carolina do Norte/Chapel Hill, observa que fome e obesidade podem coexistir, pois famílias em luta com a subnutrição tendem a consumir alimentos de alto teor calórico, embora pobres em nutrientes. Com isto, segunfo ela, “a dieta fica comprometida”.
Muitas famílias também precisam enfrentar despesas fixas antes de comprar comida. “A alimentação é a parte elástica do orçamento, o que significa que uma residência irá comprometê-la quando tem compromissos fixos como aluguel”, comentou Barabara Laraia.
Salário mínimo congelado
Jim Weill, advogado e presidente do Centro de Pesquisa e Ação Alimentar, disse que mais famílias estão com fome nos EUA de hoje porque ainda se ressentem da recessão de 2001. Ele responsabilizou também o salário mínimo, que está congelado em US$ 5,15 por hora desde 1997.
O Departamento da Agricultura constata que desde 1995 as residências de baixa renda mais sucetíveis de sofrer fome são as de hispânicos e negros, aquelas sustentadas apenas pela mãe, as de cidades menores e dos Estados do Sul e Oeste. No Texas, por exemplo, uma criança em cada 12 sofre de carência alimentar.
Fonte: Diário Vermelho com informações
da Associated Press