30/11/2022 – No último final de semana (26 e 27/11), foi realizado o Encontro Nacional de Pretas e Pretos da Fenajufe para promover o debate sobre questões raciais de interesse das servidoras e servidores das justiças federais e MPU. O evento foi realizado em formato híbrido e reuniu 35 representações de sindicatos. A coordenadora Elça de Andrade Faria participou do encontro de forma remota representando o Sintrajusc. Elça destacou a importância da realização do evento para fortalecer a representatividade negra dentro da Federação e dos sindicatos de base. Para a coordenadora, “é preciso avançar muito ainda para sentirmos que todos somos iguais”.
O evento também apontou os caminhos para organização e estratégia de luta para as servidoras e servidores negros com o acolhimento de propostas apresentadas pelos representantes dos sindicatos que serão encaminhadas para a diretoria executiva da Fenajufe. Entre elas estão: a criação do Coletivo Nacional de Pretas e Pretos da Fenajufe; a criação de Núcleo de Pretos e Pretas em cada sindicato de base da federação e a aplicação, pela Fenajufe, da contratação de trabalhadores observando o perfil racial da sociedade brasileira.
Também foi aprovada uma moção de repúdio ao jornal O Estado de São Paulo por usar imagens de mãos negras para ilustrar matéria sobre o atentado à duas escolas ocorrido na sexta feira (25) em Vitória/ES. O atentado resultou na morte de 4 pessoas e teve como autor um adolescente branco, filho de militar.
Confira como foi o evento
Sábado (26)
Negritude e poder: o que esperar dos poderes Legislativo e Executivo após as eleições 2022?
A mesa de abertura teve a participação da professora Patrícia Ramos, do Movimento de Mulheres em Luta (MML), das vereadoras Bruna Rodrigues (PcdoB/RS) e Tainá de Paula (PT/RJ), integrante da bancada negra dos partidos na Câmara e com forte atuação política-antirracista em seus estados, e Artur Miranda, representando a Operativa Nacional da Coalizão Negra Por Direitos. O debate foi gravado e pode ser assistido AQUI.
Os palestrantes trouxeram a necessidade de uma reflexão sobre o papel do judiciário nas questões raciais e da falta de representatividade negra no poder legislativo, que dificulta o debate por igualdade racial. Para a vereadora Bruna Rodrigues, “o Judiciário é o centro dos Poderes e precisa romper a estrutura racista do país”.
Negritude nas Ruas: qual(is) pauta(s) organizam a nossa luta?
A segunda mesa do dia foi divida entre os palestrantes Walmir Júnior do Movimento Negro Unificado no Rio de Janeiro (MNU/RJ), Rosana Fernandes, da Secretaria de Combate ao Racismo da CUT Nacional, João Paulo JP, representando o núcleo de negros e negras da CTB e da Unegro /DF, e Wellingta Macêdo, do Quilombo Raça e Classe. O debate foi gravado e pode ser assistido AQUI.
Walmir Jr. falou sobre a luta das pautas da negritude nas ruas e a falta de políticas públicas nas periferias. Rosana Fernandes tratou a questão do racismo no mercado de trabalho, facilmente identificado através das relações de subordinação, “o racismo é determinante e vai construindo diferenças na nossa sociedade, ele determina quem tem voz e quem são as pessoas que terão oportunidades”, ressalta. João Paulo JP, relembrou que o debate racial estava fora das esferas sindicais e falou sobre a dificuldade nas organizações para fazer a luta racial.
Domingo (27)
Enegrecendo a Fenajufe: desafios da auto-organização dos pretos e pretas no movimento dos(as) trabalhadores(as) do judiciário – limitações, experiências e tarefas
A mesa contou com a participação dos coordenadores da Fenajufe, Sandra Cristina Dias, Jaílson da Silva Lage e Luiz Cláudio dos Santos Correa, além da representante do coletivo de Negras e Negros da Justiça Federal, Patrícia Fernanda dos Santos. O debate foi gravado e pode ser assistido AQUI.
Os coordenadores trouxeram situações de racismo vivenciados por ele, além da necessidade de promover o protagonismo das negras e negras e o debate racial na categoria e dentro da Fenajufe. Sandra Dias reconheceu que a pauta identitária dentro da atuação sindical é esvaziada e menosprezada, a dirigente é a primeira coordenadora geral de pele negra da Federação que completa 30 anos em dezembro.
Luiz Cláudio falou sobre o racismo estrutural existentes nas instituições, destacou também, a resolução do CNJ que institui cotas raciais para ingresso nos órgãos do PJU e para contratação de terceirizados que não são cumpridas. O coordenador destaca que é papel da Federação lutar pelo cumprimento das cotas, “essa oportunidade de Justiça social está sendo roubada dentro do serviço público”, completa. O coordenador relembrou ainda que as cotas de paridade de gênero e raça só foi implantada no último Congrejufe, realizado esse ano, em Goiás.
Da Fenajufe, com edição do Sintrajusc