O coordenador da Fenajufe, Costa Neto, e a coordenadora Mara Weber, juntamente com o coordenador geral da Fenajud, Janivaldo Nunes, reuniram-se na quarta-feira, 15, com a professora Ana Magnólia Mendes e o professor Emílio Faças, do Laboratório de Psicodinâmica e Clínica do Trabalho da Universidade de Brasília (UnB). O encontro teve como objetivo definir a metodologia a ser utilizada na pesquisa sobre a saúde do trabalhador e trabalhadora, fruto da parceria entre Fenajufe e Fenajud.
A pesquisa deverá apontar os riscos psicossociais no ambiente do trabalho, e identificar situações de sofrimento emocional e psicológico, bem como o adoecimento osteomuscular. As federações farão o trabalho de conscientização junto aos sindicatos de base, para sensibilizar os servidores e servidoras a responderem o questionário da pesquisa. A pesquisa tem como público-alvo os servidores e servidoras do judiciário federal e estadual e MPU.
Na avaliação da professora Ana Magnólia, servidores têm sofrido com a nova organização do trabalho e a pesquisa servirá como instrumento para apontar toda a tragédia que vivencia o servidor do judiciário.
Para o coordenador geral da Fenajud, Janivaldo Nunes, viabilizar a pesquisa foi um passo importante para o trabalho em parceria das federações. "Diz o adágio popular que 'sem saúde não se tem nada' e, de fato, essa é uma realidade palpável. A Fenajufe e a Fenajud com essa pesquisa dão um significativo passo rumo à proteção e prevenção da saúde dos trabalhadores do judiciário nacional. Esperamos que a partir daí possamos implementar políticas que visem a minimização das doenças típicas de nossa categoria", disse.
A coordenadora Mara Weber, da Fenajufe, destacou que a pesquisa será um marco para a garantia de uma boa qualidade de vida para os servidores e servidoras. “Essa foi a primeira reunião organizativa, agora vamos trabalhar na identidade visual e divulgação junto aos nossos sindicatos. A pesquisa deixará um legado para toda a categoria. Será criado um banco de dados sobre a categoria e a partir desses dados vamos propor politicas para cobrar a garantia de um ambiente de trabalho livre de sofrimento e adoecimento que necessariamente exige mudança no modelo de gestão do trabalho, gestão de pessoas e de atenção à saúde dos servidores e servidoras do Judiciário e MPU. Estamos trabalhando com a meta de inicio de aplicação para outubro. Muito trabalho pela frente, mas a direção da Fenajufe está comprometida com esse trabalho”, concluiu.
No próximo dia 19, acontecerá nova reunião entre as federações e os especialistas para definição do protocolo da pesquisa que será aplicada nos moldes qualitativo e quantitativo. Ao final da reunião ficou definido o dia 16 de outubro como a data de lançamento da pesquisa nacional pela Fenajufe e Fenajud.
A pesquisa foi definida no “I Encontro Saúde e Qualidade de Vida no Trabalho” , realizado no dia 24 de novembro, em Brasília/DF. A atividade foi organizada pelas duas federações em conjunto para fortalecer a defesa dos trabalhadores do Poder Judiciário.
Pesquisa de mestrado: PJe alterou condições de trabalho de servidores da 15ª Região
No final do mês de julho, o servidor Fauzi El Kadri Filho, fisioterapeuta da Secretaria de Saúde do TRT-15 (Campinas-SP) há 13 anos, teve sua dissertação de mestrado “Sintomas Osteomusculares, Fatores Psicossociais e Capacidade para o Trabalho no Contexto do Processo Judicial Eletrônico (PJe)” aprovada pela banca do Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). A pesquisa, inédita no País, avaliou os efeitos do PJe na saúde dos servidores da 1ª instância do Tribunal a partir da participação de 449 servidores.
De acordo com o autor do estudo, o PJe alterou o modo de trabalho dos servidores, o que levou a alteração dos fatores de risco tanto físicos quanto psicossociais. “Os riscos físicos estão ligados ao mobiliário e equipamentos de trabalho e se relacionam aos movimentos repetitivos dos dedos e às posturas estáticas de ombros e pescoço exigidos no trabalho informatizado”, afirma Fauzi. Entre os fatores psicossociais do trabalho foram avaliados: “demanda de trabalho”, “controle sobre o trabalho”, “apoio da chefia”, “apoio dos colegas”, “relacionamentos”, “definição do cargo” e “comunicação e mudanças”.
Com base nos questionários, as maiores queixas dos servidores são em relação a dores em punhos/mãos, ombros e pescoço. De acordo com Fauzi, esses sintomas acontecem mesmo com condição física de trabalho adequada, “à medida que o trabalho com computador associado à tensão psicológica, gerada por metas e cobranças de prazos potencializam essas queixas”. Tanto que entre as dimensões psicossociais, “demanda de trabalho” e “controle sobre o trabalho” apresentaram os piores resultados. Do público pesquisado o uso do PJe atingiu 83% da carga horária diária média de trabalho. O PJe acelera o ritmo e faz com que o servidor tenha menor autonomia quanto ao modo de realizar o trabalho, o que acaba afetando especialmente aqueles servidores que já possuem quadro de dor osteomuscular, tornando mais difícil sua recuperação. A pesquisa aponta que há uma correlação entre praticamente todas as dimensões psicossociais com a ocorrência de dor osteomuscular, reforçando a ideia de que estes fatores de risco são interrelacionados e que não só as condições físicas de trabalho devem ser abordadas no que se refere à prevenção dos distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORTs), mas também aspectos relacionados à gestão, especialmente quanto a “demandas de trabalho”, “controle sobre o trabalho” e “apoio dos colegas”.
“Do total dos participantes, 31,4% apresentaram capacidade para o trabalho baixa ou moderada (inadequada) e esta redução está em grande medida relacionada às dores osteomusculares, especiamente entre as mulheres, que apresentam maior volume de queixas”, informa Fauzi.
Da Fenajufe