Os trabalhadores petroleiros seguem, pelo segundo dia consecutivo, em uma forte greve nacional por tempo indeterminado. A categoria protesta contra o leilão de libra – agendado para a próxima segunda-feira (21/10) – e também reivindica uma nova proposta de Acordo Coletivo de Trabalho da Petrobrás. A luta é também para barrar o PL 4330, que legaliza a terceirização nas atividades fins, representando um duro ataque aos trabalhadores de todo o país.
A repercussão na imprensa é grande. As paralisações e atos de rua realizados ontem em todo o país tomaram conta dos telejornais, portais de internet e veículos impressos.
Mas cresce também os ataques. Soma-se às ocorrências de assédio moral, insegurança gerencial e até mesmo cárcere privado em diversas unidades, o anúncio de que o governo Dilma enviará tropas do Exército e da Força Nacional para o local em que acontecerá o leilão de Libra, no Rio de Janeiro, numa postura claramente antidemocrática e que nos remete aos anos de chumbo da ditadura militar. Mais de mil homens serão destacados para esta tarefa, pois a PM assassina de Sérgio Cabral está “cansada”.
O Governo está, com isso, lançando mão de todas as ações possíveis (inclusive, repressivas) para garantir a realização da maior privatização da história do país – superior até mesmo a todas as privatizações do governo neoliberal de FHC nos anos 1990. Dilma está colocando à venda o equivalente a uma Petrobrás.
Quadro geral de mobilizações nas bases da FNP
Em algumas bases da FNP o movimento está, inclusive, mais forte. É o caso da base do Sindipetro Alagoas/Sergipe. Na sede da Petrobrás da Rua Acre, em Aracaju (SE), a adesão é de 90% de trabalhadores próprios e terceirizados. O movimento, que ontem seguiu até as 16h, foi retomado hoje às 4h da madrugada. A base tem participado ativamente da mobilização, fazendo diversas intervenções durante os atos e protestos em frente à unidade.
Os trabalhadores do campo terrestre de Carmópolis (SE) estão totalmente parados e realizam piquete há 32 horas, de maneira ininterrupta. Na Fafen se mantém o quadro de ontem, sendo que a greve foi iniciada nesta base às 19 horas do último dia 16, quarta-feira.
No Tecarmo e Atalaia (SE), o movimento cresce. No primeiro dia de greve a adesão foi de 30%. Nesta sexta-feira a adesão chega a 70%. A mobilização no Tecarmo está acontecendo desde às 4h00, apesar das ações da empresa para forçar os trabalhadores a entrar na unidade. Um piquete com mais de 40 pessoas agita o protesto.
Os trabalhadores de Furado e Pilar, no estado de Alagoas, se locomoveram até a sede do Terminal Aquaviário de Maceió (Transpetro) e estão bloqueando a entrada do cais do porto. O movimento está acontecendo desde as 6h. Ontem, nas duas bases, a adesão foi de 50% e hoje já atinge 70% da categoria.
Na base do Sindipetro PA/AM/MA/AP a mobilização também segue firme. Em Belém (PA), seguem atrasos de duas horas em todos os turnos do Terminal da Transpetro com 100% de adesão. No prédio administrativo da Petrobrás houve adesão parcial, das 8 às 10h. Na segunda-feira, será realizada assembleia para avaliar o cenário nacional e definir os próximos passos da paralisação. EmManaus (AM), o prédio da UO-AM tem 98% de adesão na paralisação que acontece desde as 7h e deve seguir até às 12h00.
Na REVAP, em São José dos Campos, a greve por tempo indeterminado foi mantida nesta sexta-feira, 18, pelos petroleiros. O corte de rendição segue por tempo indeterminado. Este é um exemplo grandioso dos trabalhadores desta base de que é possível somar na luta com todos os setores grevistas no país e fortalecer a luta unificada em torno do petróleo brasileiro.
O movimento de ontem na REVAP recebeu o apoio de vários sindicatos da região, centrais sindicais, movimentos populares, estudantis, inclusive de estudantes da USP que lutam por eleições democráticas e diretas para o cargo de reitor da Universidade de São Paulo.
O Sindipetro Litoral Paulista mantém os atrasos de 3h no início do expediente dos trabalhadores de turno na RPBC, em Cubatão, e na UTGCA, em Caraguatatuba, onde a adesão foi de 100% do turno e 80% do ADM. Nesta sexta-feira, boa parte dos trabalhadores do ADM da RPBC também participou do atraso, que contou com diversas intervenções de petroleiros da base. Nas plataformas de Merluza e Mexilhão, na Bacia de Santos, os trabalhadores estão atrasando, por tempo indeterminado, no início do dia, a emissão de PT (Permissão de Trabalho) em três horas. No final da tarde de hoje, às 19h, será realizada assembleia para definir os rumos do movimento.
No Rio de Janeiro, após os atos que tomaram as ruas da Cidade e a sede da Petrobrás, com participação dos acampados, seguem agitações nos prédios administrativos. No Ventura (EP) houve manifestação das 7h00 às 9h00. O TABG (Terminal Aquaviário da Baía de Guanabara), onde trabalham cerca de 700 trabalhadores (sendo quase 500 terceirizados), permanece fechado desde a última troca de turno, às 07 horas de quinta-feira. É deste terminal, localizado na Ilha do Governador, que é feita a transferência de petróleo e/ou gás para a Reduc, em Duque de Caxias, para a Regap, em Minas Gerais, e também para a Companhia Estadual de Gás (CEG).No TABG a situação continua a mesma de ontem, quando os trabalhadores iniciaram greve com o corte na rendição dos turnos.
Bases da FUP – Segundo informações dos sindicatos da FUP, a adesão dos petroleiros é de 90% a 100% nas unidades operacionais, com forte participação dos trabalhadores terceirizados e também do administrativo.
No segundo dia da greve nacional petroleira a base do NF começa com radicalização. Portões do Terminal de Cabiúnas foram trancados por grevistas, com a adesão de milhares de trabalhadores do consórcio que toca as obras no terminal. Sem conseguir burlar os piquetes, fura greves estão entrando no terminal de helicóptero. Enquanto isso, a empresa alega que não tem estrutura pra desembarcar os trabalhadores. Em PCE 1 os trabalhadores ocuparam o heliponto. A Oposição Unificada orienta as demais plataformas a acompanhar os companheiros e ocupar os heliportos.
Na Bacia de Campos, subiu para 40 o número de plataformas que estão em greve, com adesão de Pargo (PPG-1). Segundo informações do sindicato, mais plataformas podem aderir ao movimento nos próximos instantes. No Rio Grande do Norte, segundo o sindicato, 100% da produção das plataformas foi interrompida e os trabalhadores entregaram as unidades despressurizadas, com poços fechados e em estado de segurança. A greve segue forte também Polo de Guamaré e nos campos de produção terrestre. No Espírito Santo, a produção de GLP da UTGC (Unidade de Tratamento de Gás), em São Mateus, continua paralisada desde ontem.
Nos campos de produção terrestre da Bahia, os petroleiros anteciparam a paralisação para as 20 horas de ontem nas estações de Candeias, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passe, Socorro, Marapé e Dom João. No Ativo Norte, os trabalhadores próprios e terceirizados pararam a produção de 22 poços de petróleo. No Rio Grande do Norte, os petroleiros pararam a produção nos campos terrestres de Alto do Rodrigues, Campo do Amaro, Riacho da Forquilha, Base 34 e Campo de Estreito, além do Polo de Guamaré. Todas as 22 plataformas marítimas da região também estão paradas.
Nas refinarias, estão parados os trabalhadores de Duque de Caxias (Reduc/RJ), Manaus (Reman/AM), Paulínia (Replan/SP), Mauá (Recap/SP), Mataripe (Rlam/BA), Gabriel Passos (Regap/MG), Paraná (Repar), Alberto Pasqualine (Refap/RS), Abreu e Lima (Pernambuco), além da SIX (usina de Xisto/PR) e da FAFEN (fábrica de fertilizantes/BA). Na Transpetro, a greve atinge os terminais de Solimões (AM), Suape (PE), Jaboatão (PE), Madre de Deus (BA), Campos Elíseos (Duque de Caxias/RJ), Cabiúnas (Macaé/RJ), Guararema (SP), Guarulhos (SP), São Caetano (SP), Barueri (SP), São Francisco do Sul (SC), Itajaí (SC), Guaramirim (SC), Biguaçu (SC), Paranaguá (PR), Osório (RS), Canoas (RS) e Rio Grande (RS).