Por Imprensa
As mulheres aumentaram sua participação no mercado de trabalho, acumularam mais anos de estudos e ainda assim recebem uma remuneração média cerca de 30% menor do que os homens. Isso é o que revela a Síntese dos Indicadores Sociais, divulgada hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Segundo o IBGE, a explicação para a remuneração em média 30% inferior a dos homens decorre das características de inserção das mulheres no mercado de trabalho. Elas costumam concentrar sua atuação no setor de serviços e em ocupações pouco qualificadas e de baixa remuneração. A trajetória profissional das mulheres também costuma ser marcada pela menor ocupação de cargos de comando ou chefia.
E não é por falta de estudo que elas ainda ganham menos. Em 2003, a Síntese dos Indicadores Sociais revela que elas estudam em média 7 anos. Os homens estudam 6,8 anos. Os homens permanecem menos tempo na escola em razão da entrada mais precoce no mercado de trabalho. Além disso, as transformações socioeconômicas decorrentes da entrada da mulher no mercado de trabalho e a maior contribuição para a provisão da renda familiar fizeram com que as mulheres aumentassem a busca por um grau de escolaridade maior.
As mulheres empregadas estudam em média cerca de um ano a mais do que os homens. Entre as ocupadas, a média chega a 8,4 anos e supera o número mínimo necessário para a conclusão do ensino fundamental.
Cerca de 55% das mulheres no mercado de trabalho apresentavam pelo menos o ensino fundamental. Entre os homens, o percentual é de 45%.
A defasagem entre os salários não diminui com o aumento da escolaridade. Mulheres com 11 anos ou mais de estudo ganham 58,6% do que homens com mesmo nível de escolaridade recebem. Entre os salários mais baixos, 32% da população masculina ocupada ganhava em 2003 até um salário mínimo. Entre a população feminina este percentual sobe para 49%. Entre os empregadores, elas são minorias. Apenas 2,7% das mulheres ocupadas se enquadram nesta categoria, contra 5,5% de homens.
Regiões mais desenvolvidas do país, Sul e Sudeste foram as que apresentaram as maiores desigualdades de rendimento entre homens e mulheres. Em Santa Catarina, as mulheres chegavam a ganhar cerca de 41% menos que os homens. A menor desigualdade foi verificada na Paraíba, onde as mulheres recebem 14% a menos.
Em relação a 2002, as mulheres aumentaram sua participação na população economicamente ativa em 2,5% contra 1,6% de aumento entre os homens. Apesar do crescimento, o percentual de mulheres no mercado de trabalho é de apenas 50,7%. O percentual de homens chega a 72,8%. O Estado onde as mulheres têm participação mais ativa é o Rio Grande do Sul, com 58,9%, mas o resultado foi influenciado pela participação das mulheres no mercado de trabalho em áreas rurais, onde a taxa chega a 77,1%.
Apesar da remuneração menor, cada vez mais mulheres estão procurando trabalho. Em 2003, a taxa de desemprego subiu para 9,7% pressionada pelo aumento do número de mulheres em busca de trabalho. Entre elas, o desemprego ficou em 12,3%. Entre eles, a taxa foi de 7,8%.
Fonte: Folha Online