Por Imprensa
“Acompanhamos uma situação de conflito no campo que é prejudicial para o estado”, declarou ontem o diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), delegado Mauro Marcelo de Lima e Silva.
Lima e Silva, entrevistado pelo jornal Folha de S.Paulo, confirmou que os movimentos sociais estão sendo diariamente monitorados: “sem dúvida, a Abin acompanha as demandas sociais. Isso não quer dizer infiltração. A gente acompanha os movimentos e as milícias armadas. Trabalhamos com uns 90% de informações abertas, mas também trabalhamos com dados negados. Não cometemos nada de ilegal. Pode até ser eticamente questionável, mas não há nada ilegal”, afirmou.
Na semana passada, após denúncias de que as delegacias do estado de São Paulo espionam organizações sociais, diversos movimentos responderam com um manifesto condenando a atuação da polícia paulista. “Tais diligências, caracterizadoras de uma polícia política, são incompatíveis com as funções constitucionais da instituição policial, constituindo grave violação da legalidade democrática”, registra o texto.
Os movimentos querem a abertura dos arquivos do Departamento de Inteligência da Polícia Civil (Dipol), órgão da polícia civil de São Paulo, e questionam a atuação da Abin.
Os resquícios da ditadura militar no órgão aparecem na entrevista de Lima e Silva: “os funcionários aqui são enquadrados. Eles têm alguma coisa que não é exatamente doutrina militar, mas tiveram comandantes militares durante muitos anos e adquiriram um respeito muito grande à hierarquia. Hoje, quem manda na agência sou eu. O pior cenário é o do funcionário autorizado com conduta não autorizada”.
“Eles (os movimentos sociais) nem sabem o que estão pedindo. Eles estão protestando. Estão querendo farra e bagunça”, completou.
Fonte: Site MST