Por Marcela Cornelli
Líderes sindicais da CUT criticaram ontem o argumento utilizado pela Força Sindical e pela Associação Brasileira de Bingos (Abrabin) para manter em funcionamento as casas de bingo: o aumento do desemprego.
O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na
Indústria de Alimentação (Contac), filiado à CUT, Siderlei Silva afirmou que os prejuízos causados pelo funcionamento dos bingos é maior do que as possíveis demissões que possam ocorrer por conta do fechamento destes estabelecimentos. “O que se vê hoje são pais de família, trabalhadores e desempregados, apostando suas poucas economias no bingo. Tentando de tudo para aumentar sua renda. O problema é que no bingo quem sempre ganha é a casa”, afirmou. “Coitada da nação que precisa da contravenção para gerar empregos”.
Silva defende a medida provisória assinada pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, que proíbe o funcionamento dos bingos. “O Brasil está virando um bingo. Só se vê casa de bingo no centro de São Paulo. O país precisa de empregos de qualidade e não de postos de trabalho criados pela contravenção”.
Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ligado à CUT, José Lopez Feijóo, não faz sentido legalizar uma atividade ilegal só porque ela gera emprego. “O tráfico de drogas também gera emprego. Vamos legalizar o tráfico de drogas só por este motivo? Acho que não é a melhor solução para o desemprego”.
Já o presidente da CUT-SP, Edílson de Paula Oliveira, até admite a possibilidade de os bingos voltarem a funcionar futuramente. “Mas só depois de se criarem critérios rígidos para o funcionamento desta atividade. Até lá, apoio a decisão de fechamento dos bingos”.
Utilizando uma tática mais demagógica, o presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, defende o funcionamento dos bingos, que empregam cerca de 300 mil trabalhadores segundo a Abrabin. “Não podemos permitir que o governo Lula, eleito com a promessa de gerar empregos, ajude a desempregar trabalhadores, aumentando ainda mais o desemprego”. A Força Sindical marcou ainda uma série de manifestações em defesa dos bingos e enviou uma carta ao ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, pedindo para negociar uma forma de legalizar a atividade no país.
A MP que proíbe a exploração de todas as modalidades de jogos de bingo e de máquinas eletrônicas, os chamados caça-níqueis, anula todas as licenças, permissões, concessões ou autorizações para esse tipo de jogo dadas anteriormente pela Caixa Econômica, governos estaduais, municipais ou pelo Distrito Federal. O descumprimento da MP implica no pagamento de uma multa diária de R$ 50 mil, além de medidas penais.
A Abrabin não descarta recorrer à Justiça para garantir o funcionamento das casas de bingo existentes no país. Em Santa Catarina, por exemplo, várias casas conseguiram liminares garantindo o funcionamento de suas atividades. O governo já avisou que vai recorrer de todas elas.
A associação se reuniu ontem com cerca de 30 representantes de associações de bingos dos Estados do Rio, Santa Catarina, São Paulo, Ceará, Paraná e Rio Grande do Sul.
Fonte: Portal Vermelho, com informações da Folha Online