Por Marcela Cornelli
Na última segunda-feira, dia 8/9, a Associação Cultural José Martí de Santa Catarina e o Jornal Brasil de Fato, promoveram um evento em solidariedade à Cuba. O evento, que foi realizado no Auditório da Justiça Federal em Florianópolis, contou com a presença do embaixador de Cuba no Brasil, Jorge Lezcano Pérez. Também estavam presentes no evento representante do MST de SC, Agnor Bicalho Vieira, representante do Comitê Catarinense em Solidariedade ao Povo Palestino, Khader Othman, e representante da Associação José Martí de Porto Alegre, Paulo Petri. A Coordenadora do SINTRAJUSC, Carla Marcon, participou do evento.
O embaixador de Cuba falou sobre a situação econômica do País, as dificuldades encontradas pelo povo cubano, eleições e Fidel Castro. Leia abaixo algumas considerações feitas pelo embaixador:
Dificuldades
Jorge Pérez disse que o país sofre com acusações de terrorismo e de promover o narcotráfico, da mesma forma como outras nações estão sendo vítimas dos ataques do governo norte-americano. Segundo o embaixador, Cuba também sobre com a atuação da máfia anti-socialista e neo-fascista de cubano-americanos, além dos 44 anos de bloqueio americano com o bloqueio realizado pela União Européia, que na opinião do embaixador, demonstra a submissão daqueles países aos Estados Unidos.
Situação Econômica
Pérez enfatizou que a situação econômica em Cuba é crítiva, mas que isso não tem nada a ver com a política do país e sim com os altos preços do petróleo, o baixo preço do açúcar e do níquel e a baixa do número de turistas que o 11 de setembro acarretou mundialmente. O embaixador disse que Cuba tem enfrentado esses problemas tentando abrir a economia. Jorge Pérez fez questão de dizer que Cuba continua de pé. Nos últimos sete anos a média de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) foi de 4.1, enquanto toda América Latina cresceu de 0,5 a 1,1. O desemprego tem decrescido e é mais baixo do que na Europa – 3,3% e o déficit fiscal é de 3,2% do PIB. A indústria de níquel produziu mais de 75 mil toneladas. Cuba produz 4 milhões de toneladas de petróleo, que servem ao abastecimento de 95% da energia elétrica do país. A indústria do turismo recebe anualmente 1 milhão de turistas, com expectativa de receber 3 milhões em 2005.
Agricultura
Cuba está desenvolvendo uma política de agricultura urbana que produz 3 milhões de toneladas de vegetais nas cidades e que tem gerado 350 mil empregos.
Saúde
Segundo o embaixador, na área social, Cuba tem demonstrado incríveis dados em saúde: a mortalidade infantil é de 6,2%. Para se ter uma idéia, segundo informações do SUS, no Brasil esse índice em 1998 era de 33,1 %. Cuba possui um médico para cada 160 habitantes e tem vacinado suas crianças para 13 tipos de enfermidade regularmente. 98% da população tem água potável e 94% dispõe de saneamento. É o país cujo índice de AIDS é o menor do mundo.
Educação
Não há analfabetos em Cuba. Os trabalhadores têm no mínimo 9 anos de escolarização e um em cada sete trabalhadores é universitário. Segundo Pérez, Cuba está implementando uma nova revolução educacional: transformar o povo cubano no povo mais culto do mundo. A primeira revolução foi alfabetizar, a segunda foi universalizar o ensino e a terceira foi universalizar o ensino universitário dando acesso à universidade sem a população sair dos municípios. Cuba também tem três canais de TV para a educação e mais um para a formação de professores. Hoje todas as escolas possuem computadores, TV e vídeo. A eletrificação chega a todas as escolas, inclusive as escolas das montanhas, através de uso da energia solar. Está em andamento em Cuba o projeto de que todas as províncias tenham uma escola de balé, de artes plásticas (já estão funcionando sete, das dezessete previstas), de música e com bibliotecas populares onde as crianças tenham acesso aos clássicos da literatura mundial. A Escola de Ciências Médicas, tem matriculado sete mil estrangeiros, que estudam gratuitamente e entre eles estão muitos negros norte-americanos, assim como 291 brasileiros e de mais outros 24 países. Dos médicos formados em Cuba existem 3.500 trabalhando voluntariamente na África e na América Latina.
Fidel Castro
Perguntado sobre a dependência de Cuba à pessoa de Fidel Castro, o embaixador respondeu que os cubanos são mais revolucionários e antiimperialistas que Fidel.
Eleições
Sobre as eleições em Cuba, o embaixador ponderou sobre democracia e explicou que o partido não elege candidato e que, legalmente, não pode lançar candidato. Os candidatos são indicados por localidades, são eleitos e podem ser depostos. Os deputados não recebem salário para esta função: o deputado médico, segue sendo médico, o deputado agricultor, segue plantando e assim por diante. O partido, portanto, não é um partido eleitoral, é sim um partido da sociedade. Para o embaixador, Cuba é um país rico porque contabiliza como riqueza o seu investimento na saúde e na educação do povo. Na sua opinião, a importância de Cuba para o mundo, não está somente no fato de ter feito a revolução, mas no fato de que o país representa a defesa dos direitos dos povos de construir a sua história. O embaixador disse que uma forma de contribuir com Cuba é seguir resistindo, seguir construindo o seu caminho, perseguindo o seu sonho com o direito de auto-determinação. E, finalizando o evento, Jorge Pérez disse que para se somar à revolução Cubana, deve-se despojar de todo o preconceito e lutar pela participação efetiva e real da população.
Da Redação