O custo médio anual da corrupção para o Brasil, em valores correntes de 2005, é de R$ 26,2 bilhões, valor equivalente a 1,35% do Produto Interno Bruto (PIB). A quantia é superior ao orçamento de sete ministérios para este ano. A conclusão é de estudo realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O levantamento foi divulgado ontem pelo site Contas Abertas.
Somados, os gastos previstos para 2007 dos ministérios das Cidades, Cultura, Desenvolvimento Agrário, Esporte, Meio Ambiente, Transportes e Turismo são de R$ 25,5 bilhões, isto é, R$ 700 milhões a menos que os prejuízos anuais com corrupção. O dinheiro perdido com o crime também é quase igual ao orçamento da Pasta da Educação para este ano, que é de R$ 27,6 bilhões.
A pesquisa da Fiesp compara, entre os anos de 1975 e 2005, indicadores relativos ao Brasil e ao Chile, país menos corrupto da América Latina. Por meio de dados da Fiesp, Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional, ONG Transparência Internacional e da Barro e Lee, o estudo mostra que, durante o período, a média do produto per capita brasileiro passaria de US$ 6,8 mil para US$ 8,3 mil, caso o nível de corrupção medido aqui fosse igual ao do país vizinho.
Enquanto lá o índice de percepção da corrupção é de 7,3, no Brasil é de 3,7. Quanto maior o índice, menor a corrupção.
O estudo aponta algumas razões para o problema. Entre elas, a elevada burocracia, a lentidão do sistema judiciário, o elevado poder discricionário do Estado na implementação e condução de políticas e os baixos salários no setor público. Um exemplo citado pela pesquisa é que enquanto um chileno demora 27 dias para abrir uma empresa, no Brasil a média é de 152. Segundo a Fiesp, a corrupção reduz a eficiência do gasto público e desestimula o investimento. Se comparado com o Brasil, o Chile gastou menos com saúde e educação (porcentagem em relação ao PIB de cada país). Porém, a escolaridade dos chilenos é melhor que a dos brasileiros.
De acordo com a Fiesp, para combater a corrupção, o Brasil precisa fazer seis reformas nas áreas econômica e institucional – a fiscal, a do sistema tributário, a microeconômica, a do sistema judiciário, a política e a administrativa. O cientista político Antonio Testa acredita que o sistema político brasileiro leva a práticas corruptas.
“A política é uma atividade nobre. No entanto, para combater esses atos ilícitos no Brasil, tem que haver uma reforma política. Por exemplo, os bancos e as empreiteiras elegem seus representantes parlamentares, que tem influência no Congresso”, diz Testa. Para ele, a captura do Estado para interesses privados prejudica o crescimento do Brasil que é totalmente desigual.
Fonte: Diap, com informações do Jornal de Brasília