A Frente de Luta pelo Transporte Público e o Movimento Passe Livre (MPL) convocam uma nova manifestação pela redução imediata da tarifa para amanhã, 27, a partir das 17h, em frente ao Terminal Integrado de Centro (TICEN). Em reunião com representantes do movimento nesta terça-feira, 26, o prefeito César Souza Júnior afirmou que não pretende reduzir a tarifa até que seja feita a nova licitação do transporte coletivo, e que sua base de dados atual ainda é a planilha de cálculo tarifário das empresas. A Frente e o MPL argumentam que a prefeitura não pode confiar em um “documento que contém dados irreais” – a planilha sugere que as empresas de transporte operam no prejuízo desde 2006.
A onda de protestos pelo Brasil tem sido marcada por inúmeras demandas pontuais e poucas propostas concretas. Os cidadãos de Florianópolis, porém, decidiram concentrar suas atenções na redução do preço das passagens e no projeto Tarifa Zero. Ontem, logo após a reunião com o prefeito, cerca de cinco mil manifestantes reuniram-se em frente à Catedral Metropolitana, fecharam o túnel e caminharam por quase cinco horas até o Terminal Integrado da Trindade (TITRI). A expectativa é de que o protesto de amanhã seja ainda maior, devido à articulação com entidades comunitárias, sindicais e estudantis.
Segundo a Frente e o MPL, os manifestantes não devem sair das ruas pelo menos até que a tarifa seja reduzida. Representante do movimento, Victor Khaled lamenta que a população de Florianópolis seja vítima de uma planilha que, segundo ele, apresenta dados irreais. “É a mesma desculpa desde 2004”, lembra. Na reunião de ontem, o prefeito declarou que “não acredita nem desacredita” na veracidade da planilha, mas acrescentou que ela é o principal documento de que dispõe até que seja feita a nova licitação do transporte da cidade.
A abertura de um novo processo licitatório pode até levar à diminuição da tarifa, mas a Frente e o MPL avaliam que não solucionaria o problema central do transporte de Florianópolis, pois preservaria o modelo de concessão à iniciativa privada, com fins de lucro. Por isso, também se reivindica a criação de um grupo de trabalho deliberativo, com participação popular, com objetivo de viabilizar o projeto Tarifa Zero e a municipalização do transporte – a exemplo do que ficou estabelecido no Distrito Federal.
O projeto de transporte público gratuito não prevê a retirada de recursos de outras áreas sociais, mas uma reforma progressiva dos impostos, aumentando o IPTU de setores empresariais para criar um fundo financeiro do transporte, que permitiria a tarifa zero. O prefeito indicou ser favorável às principais ideias e se comprometeu a analisar as propostas formalizadas pela Frente. César Souza Júnior deve convocar os representantes dos movimentos para uma nova reunião na próxima semana.
Fonte: Frente de Luta pelo Transporte Público de Florianópolis e Movimento Passe Livre