O auge do debate se deu quando os delegados votaram a resolução sobre a filiação da Fenajufe à CUT, aprovando, com 274 votos contra 130, a manutenção da entidade na central. Roberto Ponciano, diretor do Sisejufe-RJ, ao defender a resolução vencedora, lembrou a história da CUT, que reúne hoje mais de 21 milhões de trabalhadores em todo o país. “Estamos inseridos na maior entidade que representa a classe trabalhadora no Brasil. Não podemos desprezar 21 milhões de trabalhadores, que lutam pela redução da jornada de trabalho, pela negociação coletiva no serviço público. A CUT está em todos os ramos da classe trabalhadora”, ressaltou Ponciano, informando que atualmente a Central tem aproximadamente 3.290 entidades filiadas.
Para Marcelo Carlini, delegado da base do Rio Grande do Sul, a Fenajufe precisa se manter cutista para, juntamente com outros setores da classe trabalhadora, lutar contra o assédio moral, o congelamento salarial, o superávit primário e pela redução da jornada de trabalho. “Precisamos desse instrumento para avançarmos nas nossas lutas. Isso só será possível dentro da CUT. Nela é que estão os milhões de trabalhadores desse país”, ressaltou.
O coordenador geral da Fenajufe Roberto Policarpo, ao se contrapor aos argumentos apresentados pelos delegados que defenderam a proposta vencida, informou que os sete sindicatos da base da Fenajufe filiadas à CUT representam mais de 32 mil servidores do Judiciário Federal e do MPU, o que significa um percentual em torno de 54% da base da Federação. Na avaliação do dirigente sindical, a desfiliação deixaria a Fenajufe isolada. “Propomos, junto com a CUT e suas entidades filiadas, uma plataforma dos trabalhadores, que sabem bem onde querem chegar”, concluiu.
A proposta de resolução vencida, apresentada pela diretora do Sintrajud-SP Ana Luiza Figueiredo, defendia que a Fenajufe se desfilie da CUT. “Não podemos continuar nessa Central, que apoia o governo que fez a segunda Reforma Previdência e aprofundou a política de FHC”.
Na avaliação do coordenador da Fenajufe e presidente do Sindijufe-MT, Pedro Aparecido, que também fez a defesa dessa proposta, a CUT se afastou completamente das categorias do funcionalismo público federal. “A CUT não tem uma política definida para os servidores federais. Prova disso é que já saíram várias entidades nacionais, como a Fasubra, a Fenasps, o Andes-SN e o Assibge”, explicou.
Permanecer para fortalecer a luta da categoria
A resolução aprovada explica o histórico de luta da Fenajufe e da CUT. “A Fenajufe e a CUT são, historicamente, oriundas de um movimento da contraposição à estrutura sindical oficial, de afirmação da liberdade sindical e da defesa da democracia de base. A Fenajufe, que já nasceu filiada à maior central sindical da América, sempre pautou sua luta em defesa da valorização do serviço público e do servidor público”, afirma trecho da resolução.
O documento pontua, ainda, várias frentes em defesa dos servidores públicos em que a Fenajufe e a CUT estiveram juntas, ao lado de outras organizações sindicais também cutistas. E ao final, defende que é preciso se manter cutista para fortalecer suas ações em defesa dos servidores do Judiciário Federal e MPU. “A disposição para a luta com olhar propositivo, marca da Fenajufe, é também marca da CUT. Isto fez da CUT e da Fenajufe entidades complementares na organização dos[as] trabalhadores[as] do Poder Judiciário. Propomos, portanto, a manutenção da filiação da Fenajufe à CUT, pelo fortalecimento da luta dos trabalhadores do Judiciário Federal, em unidade com toda a classe trabalhadora brasileira e latino americana, bem como pela valorização do serviço público e pela construção de um mundo mais justo e solidário”, ressalta o final da resolução.
Leonor Costa – De Fortaleza