Por Janice Miranda
O secretário de Estado americano, Colin Powell, telefonou ontem à noite ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e reclamou do fichamento imposto pelo Brasil, no dia 1.º, aos americanos, em reciprocidade ao programa similar posto em prática pelos Estados Unidos na segunda-feira. Pouco antes, Powell tinha dito aos jornalistas, em Washington, que a medida brasileira era “discriminatória”.
Na conversa, Amorim reiterou a Powell o pedido já feito à embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Donna Hrinak, anteontem, para isentar os brasileiros do US-Visit, novo sistema de identificação de estrangeiros, que inclui fotografia e tomada de impressões digitais de todos os cidadãos que chegam ao país com visto. O ministro deixou claro que a decisão de fichar os americanos foi da Justiça e não do governo.
“Tom amigável”
Amorim e Powell conversaram por 40 minutos, “em tom muito amigável”, insistiu o porta-voz do Itamaraty, Ricardo Neiva Tavares. O assunto dominante foi a reunião de Cúpula Extraordinária da América, nos dias 12 e 13, no México, e só no fim da conversa os dois falaram do fichamento. Powell mencionou a lentidão na coleta de dados dos americanos e manifestou “interesse em uma solução rápida para a questão”. Amorim explicou-lhe que o Poder Executivo está analisando detalhes do assunto.
Tavares garantiu ainda que “governo brasileiro tem todo interesse de resolver positivamente o assunto e de forma satisfatória para ambos os lados”. Amorim, porém, argumentou para Powell que vários países jovens e distantes, caso do Brasil, estão isentos dessa medida e insistiu em que os EUA deveriam ter mais interesse em achar soluções construtivas para aliviar preocupações e evitar constrangimentos aos países da Organização dos Estados Americanos.
Da Redação com informações do Estadão